Nas últimas semanas, o País teve vários protestos em decorrência da morte de George Floyd pelas mãos da polícia em Minneapolis, Minnesota. Uma das reivindicações dos protestantes é o corte de fundos para os departamentos de polícia e mais investimentos em programas sociais, pois estes ajudam a melhorar a qualidade de vida das comunidades das minorias em todo o país, além de reformas na conduta dos policiais.
Com um orçamento de $6 bilhões para a NYPD, a força de polícia da cidade de New York, o prefeito Bill De Blasio comprometeu-se em cortar fundos para a polícia e transferir esses fundos para programas sociais.
Em 30 de junho, o orçamento da cidade deve ser votado na Câmara dos Deputados de New York. O valor sugerido por De Blasio é de $89 bilhões. A cidade já contabilizou um déficit de $7 bilhões devido à crise da COVID-19. Apesar disso, a cidade propôs cortes mínimos para o departamento de polícia, em comparação com outros programas sociais financiados pelo governo.
Animados pelo ativismo do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), a discussão sobre a influência das forças policiais por todo o País ganhou atenção nas últimas semanas. Entre as reivindicações dos manifestantes, estão a reforma policial, que inclui o banimento de estrangulamento em apreensões policiais, tornar públicos os arquivos de abuso policial e corte de verbas para as forças policiais. Em 12 de junho, o governador Andrew Cuomo assinou uma lei, aprovada previamente pela Assembleia Legislativa, que repele a lei 50-a. Esta lei permitia que os arquivos policiais permanecessem resguardados do conhecimento público. Essa foi uma vitória do movimento.
Com relação a cortes do orçamento da polícia, ativistas sugerem congelamento na contratação de novos oficiais e eliminação de horas extras.
Existem várias campanhas encorajando a comunidade a interagir nas decisões do orçamento. Uma das formas mais comuns é contatar o deputado de cada distrito, através de email, telefone, audição pública, ou até mesmo petições online. Em 30 de abril, bem antes dos protestos pelo país terem começado, um grupo de organizações relacionadas a direitos civis enviou uma carta conjunta para o prefeito e o porta-voz da Câmara, Corey Johnson, explicando como o orçamento da cidade deveria ser redistribuído mais igualmente entre a polícia, educação, saúde, habitação, serviços sociais, atividades de recreação para a juventude, entre outros.
“Depois da pandemia, devemos nos preparar para uma maior proporção de nova iorquinos que irão contar mais com serviços sociais e infra estrutura pública para sobreviver e necessitamos de um orçamento que reflita isso,” lê-se na carta.
Atualmente, devido à falta de investimentos em setores sociais, a NYPD é obrigada a assumir responsabilidade em várias atividades não necessariamente relacionadas à segurança pública, tais como saúde mental, população desabrigada, patrulha escolar e execução de leis de trânsito.
O comissário da NYPD Dermot Shea reconhece que muito do trabalho desempenhado pela polícia poderia ser desviado para outros departamentos, mas é bem relutante com relação a cortes do orçamento,
“O que me preocupa é a motivação momentânea e julgamento apressado tomando espaço de conversas elaboradas que definem um corte de orçamento eficiente,” disse Shea para o Associated Press.
Shea, contudo, concorda que alguns serviços hoje assumidos pelo departamento deveriam ser reencaminhados para seus respectivos departamentos, mas não concede que o departamento deveria limitar contratação de mais policiais. Recentemente, as classes de recrutamento foram canceladas, devido à crise do coronavírus e não há previsão de retorno.
Durante o final de semana de 19 a 21 de junho, houve 28 tiroteios, sendo que 18 sozinhos foram no sábado. Em 22 de junho, durante sua coletiva de imprensa, De Blasio deu indícios de como pretende tratar o orçamento da polícia. Suas prioridades são a reforma polícia e a segurança pública.
“A missão número um é manter a segurança das pessoas, e podemos fazer isso, criando uma reforma com uma polícia melhor e mais justa,” disse De Blasio.
Na próxima semana, com o anúncio oficial do orçamento para 2021, veremos quais as reivindicações dos manifestantes serão atendidas depois de tantos protestos.