Histórico

Bispos dos EUA reiteram apoio à reforma imigratória humana

Os imigrantes “merecem respeito”, na opinião dos religiosos

Os bispos católicos dos Estados Unidos reiteraram seu respaldo aos pedidos de justiça para os imigrantes e exigiram “respeito e apoio” em especial para os indocumentados cujo número, segundo um estudo do Pew Hispanic Center, gira em torno dos 12 milhões.

William Skylstad, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), detalhou em uma carta difundida nas paróquias de Spokane – onde atua como bispo – que seu pai chegou a este país como imigrante através da Ellis Island no ano de 1927, e advertiu ser errado estereotipar os ilegais. “É muito importante que reconheçamos que os seres humanos são pessoas envolvidas que vieram aos Estados Unidos para trabalhar e viver”, escreveu. “Eles são irmãos e irmãs de Cristo que merecem respeito e apoio”, agregou o bispo.

Skylstad enfatizou que os trabalhadores imigrantes são parte integral da economia amerifcana. “Na maioria dos hotéis nste país você ouvirá alguém falando em espanhol nos corredores, enquanto as camareiras limpam e arrumam os quartos”, comentou. “Tome um táxi em Washington D.C., e em cinco corridas é possível ter motoristas de cinco países diferentes”, observou. Segundo a agência Associated Press (AP), na capital americana vivem entre 200 mil e 250 mil imigrantes indocumentados e muitos deles trabalham no setor de alimentos na área central, mas podem ser encontrados em toda a área.

No princípio de março, a USCCB lançou um chamado similar ao Congresso e à administração do presidente George W. Bush no momento em que o Senado se dispunha a iniciar o debate da reforma imigratória.

Em uma carta assinada pelos reverendos Wilton D. Gregory, arcebispo de Atlanta, e J. Kevin Boland, bispo de Savannah, os dois explicaram que durante os últimos 20 anos cerca de 23 milhões de novos imigrantes chegaram ao país, e que as leis e normas de imigração se tornaram “mais restritivas” e inclusive “danosas para certos imigrantes e para os que solicitam asilo”.

Eles destacaram que os imigrantes de hoje “constantemente enfrentam rechaço, hostilidade e discriminação em nossa comunidades, e até mesmo dentro da Igreja”, e que, como no passado, “o tratamento dado ao imigrante reflete muitas vezes falta de compreensão e condutas pecaminosas de intolerância e discriminação que colocam obstáculos para a união da família humana”.

“Eles não são estatísticas” – Os imigrantes “são pessoas com nomes e rostos, esperanças e temores”, enfatizaram os bispos. E agregaram: “Eles não são estatísticas ou temas de conversa, mas, sim pessoas que buscam uma vida melhor por meio de seu próprio trabalho pesado e sacrificio”.

A USCCB exige que o Congresso e o governo aprovem uma reforma imigratória que permita legalizar os 12 milhões de indocumentados e que inclua “amplos meios legais” para que as famílias se reunifiquem. “As leis e normas de imigração de nosso país estão obsoletas, não respondem às realidades de hoje, são inclusive danosas para os imigrantes e suas familias, e criam uma classe de residentes marginalizados que cresce a cada dia”, advertiram.

O plano dos bispos – Desde maio de 2005, a hierarquia católica americana respalda a proposta de lei bipartidária Secure America and Orderly Immigration Act of 2005, dos senadores John McCain (republicano de Arizona) e Edward Kennedy (democrata de Massachussets). O plano outorga residência aos indocumentados que vivem há tempo no país, pagam impostos e não têm antecedentes criminais.

A iniciativa serviu de base para a elaboração do plano imigratório dos senadores republicanos Mel Martinez (Flórida) e Chuck Hagel (Nebrasca), que dia 6 de abril contou com a aprovação do Comitê do Judiciário do Senado, mas logo parou no plenário do Senado por desacordos no procedimento de votação. Os republicanos pressionaram para que durante a votação não fosse limitada o número de emendas, enquanto os democratas limitaram a cinco o número de mudanças e argumentaram que isto protegeria o projeto.

Garantias adicionais – Os democratas também exigiram garantias de que a versão aprovada no Senado sobreviva no Comitê de Conferência, para que o plano seja harmonizado com a versão aprovada pela Câmara de Deputados, em 16 de dezembro (HR 4437), assim que o Senado aprovar sua reforma. Entre outras medidas, a HR 4437 criminaliza a permanência indocumentada, sanciona os que ajudam os indocumentados e autoriza a construção de um novo muro na fronteira com o México.

Os bispos, assim com as outras igrejas dos Estados Unidos, organizações que lutam pelos direitos dos imigrantes, sindicatos e setores empresariais rechaçam o plano da Câmara dos Deputados.

Ao contrário, inclina-se para a versão Martinez-Hagel que rechaça criminalizar permanência indocumentada e abre uma porta para a residência para aqueles indocumentados que moram há cinco anos no país, e após 11 anos, a cidadania.

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