Você é daqueles que tem que olhar para o celular a cada minuto, caso contrário começa a tremer? Prefere sentar em restaurantes ou lugares públicos somente se tiver tomada perto? Não consegue parar no semáforo sem checar seu Facebook, Estragamo ou outra tranqueira? Não conversa com outros no elevador (se é que percebe que tem outros) já que não tira os olhos da tela? Almoça com outras pessoas e não para de teclar? Sinto muito, mas você é um viciado, e não – isso não é normal porque “todo mundo faz”.
Eu não olho o celular no elevador caso hajam outras pessoas comigo, se estou almoçando com alguém, se estou no carro ou caminhando na rua. A Bianca também faz isso (exceto no carro, ainda não dirige), e ela concorda comigo que é irritante o que andam fazendo. Ela sabe que eu nem atendo o celular caso esteja dirigindo um carro sem viva voz, muito menos olho Whatsapp ou Messenger. Pô, a menos que esteja em uma viagem ao Acre, eu posso esperar chegar ao destino para olhar essas porcarias ou mesmo atender o celular.
Hoje em dia fica difícil até ser educado no trânsito. Tento dar passagem a pedestres que estão esperando para atravessar na faixa, mas eles sequer levantam os olhos para me ver sinalizando para que passem! Sempre aconselhei a Bianca a nunca usar o celular na rua ou em transportes públicos, tem muitos trouxas que são roubados porque são incapazes de ficar sem mexer no aparelho. Debiloides (posso dizer isso, ou é politicamente incorreto? Ah, dane-se) demoram para arrancar quando o semáforo fica verde, porque tem que checar algo “super importante” em sua vida digital. Afinal, não é todo dia que seus familiares mandam vídeos de gatinhos no Whatsapp, sabe aquele que o bichano fica em cima da mesa, e….
Assisto muitos filmes com a Bianca, mas temos um acordo velado de não mexer no celular. Mesmo no carro, fazemos algo que aparentemente poucos fazem: conversamos! Exceto naqueles dias do mês em que ela está possuída, aí ela coloca o fone de ouvido como uma dica para eu ficar na minha.
Não entenda mal, eu adoro celular e suas utilidades, mas está chegando um ponto que me irrita falar com quem não consegue desligar um minuto. O pior de tudo isso é a falta de privacidade em que chegamos e ninguém se toca. Nem George Orwell poderia imaginar quando escreveu 1984 que teríamos um Big Brother (sinto informar, não foi a Globo que inventou o nome) que saberia TUDO de nossas vidas e com nossa autorização total – manja aquele aplicativo “gratuito” legal, que você clica em “autorizo” para tudo que pedem? Pois é, eles te rastreiam o tempo todo, sabem o que você olhou na internet, com quem falou, quais outros aplicativos usou ou mesmo o que pretende fazer nos próximos dias. Hoje você nem precisa tirar foto em um restaurante para que o celular sugira que dê nota para o lugar. Basta ficar alguns minutos em algum lugar que o GPS te dedura – “Você gostaria de postar sobre o Motel Rapidinho-Mas-Satisfeito?”
Hey! Você leu meu texto inteiro ou foi checar seu celular antes de terminar???