DA REDAÇÃO COM CBN – O Itamaraty informou nesta segunda-feira (26) que a embaixada brasileira em Nassau, capital das Bahamas, está em contato constante com as famílias dos 19 brasileiros desaparecidos que tentavam entrar ilegalmente nos Estados Unidos pelo barco que saiu de Bahamas, no Caribe, e ia em direção a Miami no mês passado. O órgão também está em contato com autoridades do país caribenho e com os Estados Unidos.
Equipes de resgate realizam buscas em toda a região. A possibilidade de prisão nas Bahamas também não está descartada, mas até o momento, não foram encontrados registros de brasileiros na penitenciária das Bahamas.
De acordo com familiares dos desaparecidos, $20 mil foi o valor dado aos ‘coiotes’ pelos brasileiros. A informação foi dada pela Ivanilza Jesus Santos, irmã de um dos desaparecidos: Arlindo de Jesus Santos, natural da cidade de Rondon do Pará. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, eles teriam embarcado no dia 6 de novembro e, desde então, não fizeram mais contato com os parentes.
Ivanilza disse que o irmão até vendeu um carro para ajudar no pagamento da quantia. O paraense mora em Belo Horizonte e já havia sido deportado depois de oito anos morando nos Estados Unidos. Essa era a terceira vez que ele tentava entrar no país.
“Ele já chegou aqui devendo, porque a esposa já tinha ido. Ele falou que tinha que tentar ir de novo, tinha que pagar dívidas. Aí tentou, só que foi pelas Bahamas. Só que a gente não sabe quem o levou. Na verdade é muita gente. Um leva até Belo Horioznte, outro leva até São Paulo, outro leva até Bahamas e outro pega pra levar. Então é muita gente, e a gente não sabe!”, relatou a irmã de Arlindo.
Paulo Silva, amigo da família, morou com Arlindo nos Estados Unidos durante a estadia do paraense no país, de 2005 a 2013. Ele conta que o amigo buscava, mais uma vez, “tentar a vida” nos Estados Unidos.
“Minas Gerais ele trabalhava como pedreiro, e nos Estados Unidos se aperfeiçoou na área de construção. É um rapaz muito trabalhador, honesto, de família simples e humilde, mas digna. Uma pessoa que está indo em busca de um sonho, de ganhar um pouco de dinheiro. A história todo mundo sabe, mudar de vida, ainda mais na questão financeira”, contou Paulo.
Além do Arlindo, estavam no mesmo barco brasileiros de Rondônia e de Minas Gerais. São dois mineiros desparecidos: Renato Soares de Araújo, de 32 anos, e Márcio Souza, de 26. Ambos são de Sardoá, município de 6 mil habitantes na região leste de Minas, a 335 quilômetros de Belo Horizonte. A cidade fica na mesma região de Governador Valadares, e que é conhecida pelo intenso movimento de emigração para Estados Unidos. Segundo o irmão de Márcio de Souza, Rogério Pinheiro de Souza, esta era a segunda vez que ele tentava entrar no país de forma ilegal. Na primeira, ele acabou sendo preso. Depois de dois meses no Brasil, Márcio resolveu fazer uma nova tentativa. O próprio Rogério disse que já foi para os Estados Unidos, sem visto, e passando pela mesma situação: usando um barco arranjado por “coiotes”. Ele disse que na cidade em que moram é muito comum essa saída de pessoas de forma ilegal, mas que não tentaria novamente.
“É complicado, nem tenho coragem de voltar. E falei com ele. Eu mesmo nem queria que ele fosse. Só que quando a pessoa quer ir, segurar não tem jeito. O combinado é a pessoa levar, entregar a pessoa no endereço que ela quer chegar e a pessoa vai e paga a pessoa assim que ele chega. Aqui na nossa cidadezinha, aqui no interior, é praticamente normal, vai muita gente”, contou Rogério.