Visto de investidor ganha força em época de crise nos Estados Unidos
Uma prova de que a concessão do visto de investidor (EB-5) virou um excelente negócio tanto para os Estados Unidos quanto para os estrangeiros que buscam a cidadania americana são as estatísticas: em 2006, quando o país ainda estava saudável financeiramente, apenas 486 candidatos foram autorizados a receber o referido visto, mas o número se multiplicou por dez no último ano fiscal, ajudando a impulsionar o setor da construção civil.
Os maiores beneficiados com esta abertura do Serviço de Imigração foram as pequenas cidades americanas, que viram seus orçamentos caírem à metade nos últimos quatro anos. Com a escassez de crédito bancário para novas construções, a saída foi apostar num antigo programa oferecido pela USCIS, que existe há mais de 20 anos, mas vinha sendo deixado de lado pelas complicadas exigências de adesão. Agora tudo é diferente e até o montante de dinheiro a ser investido foi reduzido de um milhão de dólares para 500 mil dólares. Os mais conservadores dizem que a América tem trocado a cidadania por investimentos estrangeiros em obras para as comunidades.
Os moradores de McHenry, um pequeno município no estado de Illinois, sabem bem o que é isso. Lá, um ambicioso empreendimento de um novo complexo esportivo da ordem de 52 milhões de dólares tem gerado polêmica entre os 260 mil habitantes da localidade. Se por um lado alguns defendem a entrada de recursos estrangeiros até como forma de enfrentar a crise, por outro muitos têm criticado a ‘comercialização’ da cidadania. “Não queremos vender o green card só porque o investidor estrangeiro tem dinheiro. Desculpe minha franqueza mas, como uma nação, estamos parecendo prostitutas em exposição”, afirmou Al Stenstrom, um republicano de McHenry.
Lançado em 1990, o programa do visto EB-5 foi projetado para estimular a economia dos EUA, atraindo estrangeiros com capacidade de criar novos postos de trabalho. São fornecidos 10 mil vistos todos os anos para investidores, incluindo familiares e dependentes. A iniciativa fez surgir novas atividades econômicas, como os centros regionais aprovados pelo governo federal, que levam investimentos a áreas com altos índices de desemprego. Desde 2007, o número destes complexos cresceu mais de 10 vezes.
Outra preocupação com este programa diz respeito às possíveis fraudes, já que algumas práticas adotadas por agências que oferecem os vistos no exterior são questionáveis.