DA REDAÇÃO, COM G1 – Apesar da crise econômica, o setor de viagens no Brasil começa a registrar sinais de retomada na venda de pacotes turísticos para destinos nacionais e internacionais e também nas viagens corporativas. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) passou a projetar uma alta de 10% a 12% nas vendas em 2017. Já a Associação Brasileira das Operadoras de Viagens Corporativas (Abracorp) espera uma alta de ao menos 5% após 2 anos seguidos de queda (em 2016, as vendas caíram 6,5% ante 2015).
O dólar num patamar mais estável, ao redor de R$ 3,20, ajudou a aumentar a procura por viagens internacionais. O número de reservas confirmadas disparou 37,1% na comparação com os primeiros três meses do ano passado. Os destinos mais procurados pelos clientes são: Orlando, Buenos Aires e Punta Cana.
Dados do Banco Central mostram que os gastos dos brasileiros no exterior subiram 75% no primeiro bimestre deste ano, para R$ 2,93 bilhões. O aumento de gastos de brasileiros fora do País coincide com a desvalorização da moeda norte-americana (queda de 3,65% no acumulado no ano até março), o que barateia, por exemplo, gastos com hotéis e passagens no exterior, que são cotados em moedas estrangeiras.
“Quando começou a crise e o dólar foi a R$ 4, a participação do internacional caiu para 25%. Com o dólar a R$ 3,20, o internacional realmente vem crescendo, já está ao redor de 35%”, afirma Falco.
Os números de janeiro e fevereiro dos embarques nos aeroportos de Guarulhos, Galeão e Viracopos indicam estabilidade no número de passageiros transportados para o exterior na comparação com os dois primeiros meses do ano passado. Nas companhias aéreas brasileiras, entretanto, o número de passageiros em voos internacionais cresceu 6,7% no bimestre, na contramão do mercado doméstico, que acumula 19 meses seguidos de queda de demanda. Os números de março só devem ser divulgados na segunda quinzena de abril.
“O turismo internacional está voltando, mas ainda lentamente porque o custo ainda é muito alto para as famílias”, destaca o presidente da Abav.
A estratégia dos operadores para alavancar as viagens internacionais em tempos de crise foi passar a adaptar os pacotes ao bolso mais curto dos brasileiros.
“Janeiro e fevereiro ainda foram meses ruins, mas percebemos um reaquecimento no número de viagens em março. Eventos que estavam engavetados voltaram a acontecer e o mercado realmente voltou”, afirma Rubens Schwartzmann, presidente do Conselho de Administração da Abracorp e diretor-geral da Costa Brava Viagens. “Março foi o melhor mês da nossa história e fechamos o 1º trimestre com um crescimento de 21% nas vendas”.
Segundo o presidente da Abav, Edmar Bull, outros fatores que também vêm contribuindo para uma maior procura por viagens estão o maior número de feriados prolongados em 2017 (9 no total), os saques das contas inativas do FGTS, o dólar mais estável e, sobretudo, a capacidade de adaptação do brasileiro.
O Ministério do Turismo estima que somente as viagens nos fins de semana prolongados injetarão R$ 21 bilhões a mais na economia neste ano. Outros R$ 1,6 bilhão de recursos extras deverão vir dos saques das contas inativas do FGTS, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
“O brasileiro não consegue deixar de viajar nas férias, mas mudou o perfil de viagem. Não sai mais para viajar fazendo compras. E aquele turista que ficava 20 dias, está ficando 15. Quem ficava 15 dias, está ficando 10. Quem ficava em hotel 4 estrelas, está ficando em um de 3, e isso está nos ajudando a ter uma retomada maior”, afirma o presidente da Abav.