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As secas de longo prazo serão o “novo normal” do clima

As secas estão sendo exacerbadas pela mudança climática induzida pelo homem, com períodos de seca mais longos e mais severos que contribuem para o esgotamento de solos férteis

Um quarto da humanidade vem sendo atingida pela seca em todo mundo (Foto: earth.org)
Um quarto da humanidade vem sendo atingida pela seca em todo mundo (Foto: earth.org)

As secas recordes estão se tornando um “novo normal” para bilhões de pessoas, mas poucos países estão levando a ameaça a sério, alertaram os pesquisadores em um relatório global divulgado na segunda-feira (2).

O lançamento do World Drought Atlas (Atlas Mundial da Seca) coincide com a reunião de governos na Arábia Saudita para a COP16 sobre degradação da terra e desertificação.

As secas são exacerbadas pela mudança climática induzida pelo homem, e períodos de seca mais longos e mais severos contribuem para o esgotamento de solos férteis, que estão gradualmente se tornando áridos.

As secas são “um dos perigos mais caros e mortais do mundo”, explicaram os pesquisadores no lançamento do Atlas.

Este ano, quase certamente o mais quente já registrado, foi marcado por secas destrutivas do Equador ao Marrocos e da Namíbia ao Mediterrâneo.

As secas são “menos visíveis e atraem menos atenção do que eventos repentinos, como enchentes e terremotos”, mas não devem ser subestimadas, alertaram os pesquisadores.

Além de afetar diretamente as pessoas, elas podem ter efeitos secundários na produção de energia, no comércio global e em setores como o de transporte marítimo.

Até 2050, três em cada quatro pessoas na Terra serão afetadas de alguma forma pelas secas, de acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) e o Centro de Pesquisa Conjunta da Comissão Europeia, que co-patrocinou o estudo.

Por meio de dezenas de mapas, gráficos e estudos de caso, o Atlas Mundial da Seca procura mostrar “como os riscos de seca estão interconectados… e como eles podem desencadear efeitos em cascata, alimentando desigualdades e conflitos e ameaçando a saúde pública”.

Por exemplo, as secas podem prejudicar a produção de energia hidrelétrica, levando a aumentos nos preços da energia ou a quedas de energia.

Elas também prejudicam a navegação em corredores importantes, como o Canal do Panamá, e aumentam a pressão da água sobre os pequenos agricultores.

A pesquisa “força governos, líderes empresariais e formuladores de políticas em todos os níveis a repensar radicalmente a forma como tomam decisões e gerenciam o risco de seca”, disse Ibrahim Thiaw, chefe da UNCCD.

As nações que participam da conferência COP16 em Riad, que acontece de 2 a 13 de dezembro, devem levar essas descobertas “a sério”, acrescentou. A UNCCD, que reúne 196 países e a UE, disse que 1.5 bilhão de hectares de terra devem ser restaurados até o final da década para que a crise seja enfrentada.

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