Em 23 de agosto de 2017, a imigrante mexicana Francisca Lino refugiou-se na Igreja Metodista Adalberto, em Chicago (Illinois) para proteger-se da deportação e permaneceu no local por mais de três anos.
“Naquele ano, refugiei-me porque o ICE (Immigration and Customs Enforcement) queria me tirar. Tenho cinco filhos e um marido, todos cidadãos americanos. Dois deles não gozavam de boa saúde, sofriam de problemas psicológicos”, disse Francisca ao canal de televisão Univision.
Segundo a mexicana, em 1999 ela tentou entrar sem documentos nos EUA, mas foi detida na fronteira e enviada de volta ao México. “Dois dias depois eu tentei entrar de novo e consegui ”, disse.
Ela contou que em 2005 deu entrada em seu processo de legalização por casamento e chegou a ir a entrevista na agência de imigração.
“Eu tinha autorização de trabalho e social security, mas eles me disseram que havia um erro no processo e não iriam me legalizar”, contou.
A imigrante conta que a cada ano renovava sua autorização de permanência no país e que foi assim por 12 anos até que, em 2017, já com Trump na presidência, ela não sonseguiu mais renová-lo.
“A administração Trump veio e o ICE me disse que eu não tinha chance. E eles me disseram que eu tinha que sair porque não tinha mais o que fazer”.
A saída encontrada por ela foi buscar ajuda em um santuário: “Foi uma decisão muito difícil para mim. Minhas filhas não queriam que eu ficasse aqui, mas decidi fazer isso para lutar para estar com elas porque não vou abaixar a cabeça, nem vou sair como bandida”.
No sábado, 23 de janeiro de 2021, ela saiu do santuário após receber a informação de que o presidente Biden havia assinado uma moratória suspendendo as deportações por 100 dias.
“Saí do santuário após a proteção das deportações anunciada pelo governo. Minha família veio me procurar. Imagine a felicidade que senti depois de mais de três anos. Fiquei muito feliz, muito feliz, feliz. Graças a Deus um intervalo de 100 dias para ver o que meu advogado faz para consertar minha situação”.
Mas apenas três dias depois, terça-feira 26 de janeiro, o pesadelo voltou à vida de Lino. “Estava em casa alimentando meus dois netos quando vi a notícia de que um juiz no Texas bloqueou a moratória de 100 dias às deportações anunciada na semana passada.”
“Eu chorei, fiquei muito triste e pensei que talvez tivesse que voltar para o santuário. Foi a pastora da Igreja, Emma Lozano, que me disse que, para estar segura, era melhor voltar. É por isso que voltei “, lamentou a imigrante.
“Estou aqui novamente com a esperança de que isso seja corrigido, se o presidente recorrer da decisão e houver esperança de que eu possa voltar para casa e para minha família. Não posso voltar para o México, há muita violência lá, meus parentes estão desaparecidos. Minha família está aqui nos Estados Unidos”, enfatiza.