Histórico

Agora Boehner diz que ‘a reforma imigratória não está morta’

John Boehner, presidente da Câmara dos Deputados, apresenta esperanças por uma reforma imigratória, mas em pedaços


John Boehner promete discutir o tema de imigração em breve

Peru e vinho Merlot produzidos por indocumentados. Com esta ceia, um grupo de ativistas se apresentou esta semana no gabinete do presidente da Câmara de Deputados, John Boehner, para pressionar pela reforma imigratória. E o deputado republicano de Ohio lhes respondeu assegurando que a reforma imigratória não está morta.

As declarações de Boehner vieram uma semana depois dele próprio fechar as portas para a reforma imigratória. O chefe da bancada republicana havia dito que não haveria conversas formais sobre o projeto de reforma imigratória aprovada pelo Senado em 27 de junho e que inclui a cidadania para 11 milhões de indocumentados.

Mas, agora, Boehner recuou. “A reforma imigratória está morta?”, perguntou-se Boehner diante dos jornalistas e ativistas. “Claro que não”, respondeu cortante e até assegurou que sua Câmara continua trabalhando e que não abandonaram o tema que dominou durante muito tempo o calendário do Congresso.

“Creio que o Congresso tem de lidar com isto”, disse Boehner. “Nossos comitês continuam fazendo seu trabalho. Há um monte de conversas privadas que estão em andamento para averiguar qual é a melhor maneira de nos movermos em uma mesma direção, passo a passo para enfrentar este tema tão importante.

Porque é um tema muito importante”, acrescentou.

A resposta de Boehner foi dada quando um grupo de ativistas pró-reforma imigratória invadiu seu gabinete com um peru e uma garrafa de vinho Merlot, o favorito do deputado, com o objetivo de destacar o trabalho feito pelos indocumentados, que produzem majoritariamente estes productos, e pressioná-lo para que impulsione a aprovação da reforma na Câmara de Deputados onde está parada.

Ação de Graças

Os ativistas escolheram o peru para oDia de Ação de Graças que se celebra no dia 28 de novembro. Também, como um gesto para demonstrar que enquanto muitos desfrutarão destas festas, há 11 milhões de indocumentados em risco. Inclusive, muitos deles terão de trabalhar neste dia para poder manter suas famílias.

Além de Boehner, o líder republicano Eric Cantor (Virgínia), Kevin McCarthy (Califórnia), a republicana Cathy McMorris Rogers
(Washington), Steve King (Iowa) e outros republicanos também receberam seus perus para lembrá-los como os indocumentados
trabalham exaustivamente.

María Ramírez, uma imigrante que trabalha na vinícola de Benton, no estado de Washington, também destacou o seu esforço e o de seus colegas: “Nosso trabalho é difícil, mas gostamos de produzir o vinho que tantos americanos apreciam.

Estou aqui hoje porque a luta que nossas famílias têm de ganhar para um novo processo de imigração é muito importante. Fazemos nosso trabalho para que outros possam desfrutar do vinho. Agora, queremos que Boehner e os líderes republicanos façam seu trabalho”.

O grupo de ativistas, formado por trabalhadores rurais, sindicalistas e defensores dos imigrantes, não só levaram peru e vinho como também um cartaz intitulado “Façam seu trabalho”.

Esther Lopez, diretora de Direitos Civis e Ação Comunitária do United Food and Commercial Workers International Union (UFCW) disse: “Na UFCW estamos orgulhosos de por comida nas mesas dos EUA, não só no Dia de Ação de Graças, como em todos outros dias. Nossos membros trabalham duro – às vezes em condições adversas–para oferecer excelentes produtos para nossas comunidades.

Os trabalhadores fazem seu trabalho. É hora de o Congresso fazer o mesmo. Queremos um voto para a reforma imigratória”.

Desculpas

“Boehner tem encontrado quase todas as desculpas para evitar realmente fazer seu trabalho ao abordar este tema e muitos outros que tem deixado em cima da mesa. Somente encontrou tempo este ano para votar uma emenda do republicano Steve King para deportar os dreamers (sonhadores) e, no entanto, até agora não encontrou 20 minutos necessários para votar uma proposta de imigração que a grande maioria dos americanos apóia”, disseram os dirigentes da America’s Voice em um comunicado.

“Os imigrantes se apresentam para trabalhar e fazem seu trabalho. Os membros da Câmara se apresentamno Capitólio, mas não fazem seu trabalho. Em vez disto, brincam de política com nossas vidas”, acusou Ben Monterroso, diretor executivo da Minha Família Vota, outra entidade participante da iniciativa.

“Se membros da Câmara não aprovarem a reforma imigratória com um caminho para a cidadania, vão sofrer as consequências em novembro próximo (nas eleições de 2014). Simples assim. A Câmara pode atuar hoje ou enfrentar as consequências amanhã”, completou.

Andrea Zúñiga, representante da Federação Americana do Trabalho e Congresso de Organizações Industriais (AFL–CIO, na sigla em inglês), disparou duro contra os parlamentares que frearam a reforma imigratória: “Os atrasos em aprovar a reforma imigratória levam os trabalhadores a pagar o preço com salários roubados, condições de trabalho inseguras e ameaças de deportação se quiserem organizar-se. Muitos destes trabalhadores não terão o luxo de passar a Ação de Graças com suas famílias.

Vão trabalhar horas extras ou vão rezar pelos familiares que foram deportados.

É hora de Boehner nos dar seu voto e consertar nosso sistema quebrado de imigração de uma maneira que proteja todos os trabalhadores”.

“Os trabalhadores imigrantes passam horas preparando e colhendo os alimentos que comemos todos os dias. Enquanto Boehner e outros republicanos da Câmara desfrutam do jantar de Ação de Graças com suas famílias, os imigrantes enfrentam uma separação permanente de suas famílias e tudo isto graças ao fato de a liderança republicana da Câmara não atuar. Nossa mensagem é simples: façam o correto. Aprovem uma reforma imigratória para que estes trabalhadores imigrantes se convertam em trabalhadores americanos”, disse Lynn Tramonte, subdiretora da America’s Voice.

Uma reforma por partes A reforma imigratória, que havia passado para segundo plano no Congresso por causa do fechamento do governo no mês de outubro, voltou ao palco principal esta semana, depois de o presidente Barack Obama dizer, na terça-feira (19) estar disposto a apoiar uma reforma por partes.

Em uma inesperada mudança de postura, Obama disse que pode aceitar a aprovação no Congresso de uma reforma imigratória segmentada e não um plano integral como vinha defendendo até agora.

O mandatário destacou estar disposto a aceitar que seja debatida de maneira dividida a reforma imigratória, se desta forma conseguir sua aprovação mais facilmente do que se for tratada como um grande projeto de lei. Boehner aplaudiu as declarações de Obama. Agora, após receber a ceia de peru e vinho dos indocumentados disse que a reforma não está morta. Boehner voltará a mudar de ideia?

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