DA REDAÇÃO, COM G1 – A agência de classificação de risco Fitch colocou na terça-feira (1) o rating da mineradora Vale “BBB+” em observação negativa, refletindo a maior probabilidade de que a empresa vá dar apoio à sua subsidiária Samarco, que foi rebaixada para grau especulativo, após o desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma barragem de rejeitos em MG.
“Há um alto grau de incerteza em torno das várias implicações para o perfil de crédito da Vale relacionadas à possibilidade de dar apoio à sua joint venture com a BHP Billiton caso isso seja necessário”, disse a agência em um comunicado.
A observação negativa significa que uma eventual redução de classificação pode ocorrer em um prazo de três a seis meses.
O consultor-geral da Vale, Clóvis Torres, disse na sexta-feira que a mineradora e a sua sócia BHP Billiton poderão ser chamadas a pagar eventuais indenizações apenas se a Samarco não tiver condições de arcar com todos os custos, destaca a Reuters. Mas ressaltou que a Samarco, dona da barragem rompida, “não é uma empresinha qualquer, é uma empresa grande, ela tem recursos para pagar por eventuais danos que tenham sido causados por suas operações”.
A Vale anunciou na terça-feira que vai reduzir os investimentos em 2016, com recursos previstos de $6,2 bilhões, uma queda ante os $8,2 bilhões estimados para 2015 e também em relação à previsão anterior, ao mesmo tempo que tornou menos ambiciosas suas projeções para aumento de produção de minério de ferro.
Em comunicado, a Fitch salientou que o risco à reputação da Vale é considerado “muito alto” devido à sua posição como maior mineradora do Brasil e à sua carteira de acionistas, que inclui alguns dos maiores fundos de pensão do país.
“A Fitch também considera o alto valor econômico da Samarco como sendo um grande incentivo a um possível apoio financeiro no futuro por seus acionistas (Vale e BHP)”, disse a agência.
O rompimento da barragem de Fundão, dia 5 de novembro na unidade industrial de Germano, entre os distritos de Mariana e Ouro Preto (cerca de 100 km de Belo Horizonte), provocou uma onda de lama que devastou distritos próximos. O mais atingido foi Bento Rodrigues. Há relatos de desaparecidos, e o número total de mortes ainda é desconhecido, mas 11 mortes foram confirmadas.