Apesar das tentativas do governo federal de incentivar o setor aéreo com a abertura do capital estrangeiro, as companhias de baixo custo começam a dar sinais de que podem deixar o Brasil. Depois de um ano, as companhias aéreas Norwegian, a argentina Flybondi e as chilenas Sky e JetSmart começam a repensar sua estratégia no Brasil.
A competitividade do setor com Gol, Latam e Azul operando com grande eficiência, é um desafio para que Sky e JetSmart consigam se tornar mais relevantes nos voos entre o Brasil e países da região, segundo fontes do mercado.
Para se ter uma ideia, na primeira semana de fevereiro, somente 3,5% dos voos internacionais foram feitos por linhas de baixo custo. Segundo o consultor André Castellini, especialista no setor aéreo, “enquanto as brasileiras forem eficientes, é difícil que elas tenham um papel relevante”.
Castellini também afirma que não é fácil para as empresas estrangeiras oferecerem tarifas mais baratas em comparação com as tradicionais, como ocorre na Europa – segundo ele, porque “o diferencial de custo não permite tarifas muito baixas”.
Um informe interno da empresa Norwegian afirma que “a companhia está exposta a risco de liquidez”, devido às cifras negativas que vem tendo em suas operações no Brasil – a empresa oferece voos entre Rio de Janeiro e Londres, e já informou que pretende reduzir sua oferta em 10% neste ano.
A chilena Sky, fundada em 2002 e que atua como low cost desde 2015, foi a primeira a voar para o Brasil, em outubro de 2018. O movimento das aéreas de baixo custo no País se consolidou, então, com a vinda da norueguesa Norwegian, da argentina Flybondi e da também chilena JetSmart.
Enquanto Norwegian e Flybondi atravessam um período delicado que pode colocar fim aos voos delas que chegam ou partem do Brasil, Sky e, principalmente, JetSmart têm se saído um pouco melhor.
Segundo informações do Estadão, Flybondi e Norwegian, no entanto, são as empresas cujas operações estão ameaçadas, segundo fontes do setor. A Norwegian enfrenta uma grave crise financeira e reestruturou parte de sua dívida no ano passado.
Em 2018, a empresa teve prejuízo de 1,4 bilhão de coroas norueguesas (R$ 640 milhões na cotação atual). Apesar de o resultado ter sido positivo em 263,7 milhões de coroas norueguesas (R$ 120 milhões) nos primeiros nove meses de 2019, o mercado projeta prejuízo para 2019 e 2020, segundo reportagem do Financial Times com base em levantamento da Bloomberg.
A própria Norwegian afirmou, em seu último relatório, que a “companhia está exposta a risco de liquidez”, mas acrescentou que esse risco tem diminuído conforme avança sua estratégia de trocar crescimento por lucratividade.
Nada disso, porém, foi o suficiente até agora para convencer os investidores. As ações da empresa caíram 80% em pouco mais de um ano, passando de US$ 20,70 em janeiro de 2019 para US$ 4.
A estratégia da companhia de realizar voos transatlânticos, iniciada em 2013, é apontada como uma das responsáveis pela crise. No ano passado, a empresa teve de vender sua subsidiária na Argentina para a chilena JetSmart.
No Brasil, a Norwegian não opera com subsidiária e tem apenas o voo entre Rio e Londres, mas, cortes em rotas podem afetar a operação local. (Com informações do Estadão Conteúdo)