Histórico

Advogado de imigração brasileiro tem licença suspensa

Max Whitney foi denunciado por casal e ficará um ano sem atuar

Antonio Tozzi

Max Ricardo Whitney, advogado brasileiro, nascido em Minas Gerais, que atua como advogado de imigração nos Estados Unidos desde 1996 orgulhava-se de seu recorde: “Em 17 anos de atividades, nunca havia recebido uma reprimenda sequer”.

Mas sua carreira sofreu um forte abalo no último dia 5 de dezembro, quando foi proferida a sentença de que ele teria sua licença de advogado na Flórida suspensa por um ano pelo Florida Bar, órgão que regulamenta as atividades dos advogados profissionais no estado.

Entretanto, como num filme policial, as coisas nem sempre são como parecem. Pelo menos, esta é a versão de Whitney. Segundo ele, tudo começou em 2004, quando foi procurado por uma brasileira chamada Leila Mesquita de Oliveira: “Ela veio ao meu escritório e queria que eu fizesse o processo para se tornar uma residente legal através do casamento com Michael G. Hill, que na época era seu namorado e depois se tornou noivo”.

Até aí nada de mais. Fazer processos de imigração é mesmo a especialidade de Whitney. No entanto, na ocasião, a mulher omitiu o fato de que havia sido expulsa do país por duas vezes. Portanto, tinha uma proibição de entrar nos Estados Unidos por 20 anos. “Ela ingressou no país com um visto do consulado americano em Recife. Só aí, é que me confessou que o visto havia sido montado. Como na época não havia sido implantado o sistema de impressões digitais, ela conseguiu ludibriar os agentes de imigração”, contou o advogado braso-americano.

Uma cópia do documento oficial do Departamento de Justiça dos EUA, emitido em 9 de maio de 2002, na cidade de Florence, Arizona, confirma que Leila foi informada sobre sua penalidade de proibição de 20 anos sem poder retornar ao país.

Diante dessa revelação, Whitney sugeriu à Leila que retornasse ao Brasil e realizasse o casamento lá, uma vez que ela corria até mesmo o risco de ser presa e cumprir pena de dois a 20 anos por causa do visto fraudulento no passaporte. “Se ela se casasse aqui, estaria confessando ter entrado nos EUA sem a ordem do Departamento de Justiça e, portanto, sujeita às penalidades da lei”, explicou.

Ele até mesmo viajou ao Brasil para verificar as probabilidades de o casamento possibilitar uma espécie de perdão por parte dos oficiais do consulado americano para reduzir ou até mesmo eliminar a barração de 20 anos, além de providenciar mais documentação para ser juntada ao processo.

Whitney admite sua culpa

Insatisfeitos com a maneira como Whitney estava conduzindo o processo de imigração de Leila, o casal consultou outro advogado. Esta é outra questão que ele esclarece: “No processo contra mim, ele me acusou de pedir mais $60 mil para continuar o trabalho. Isto é mentira.

Quem enviou o orçamento foi outro escritório de advocacia e não eu, e o valor é de $6 mil e não $60 mil (de fato, há um e-mail enviado à redação que comprova o valor de $ 6 mil e não foi enviado por Whitney)”.

Durante o processo, Leila voltou ao Brasil e Hill continuou enviando-lhe dinheiro, mas ele se recusou a dizer onde a mulher estava morando. “Isto prejudicou minha defesa, porque não conseguia localizar minha principal testemunha de defesa”, argumentou Whitney.

Portanto, ele ficou descoberto e, pela falta de documentação, acabou condenado. O juiz que julgou o caso havia sugerido uma suspensão de 90 dias, mas a Suprema Corte dos EUA discordou e seguiu as recomendações do Florida Bar e aplicou uma suspensão de um (1) ano a partir de 5 de dezembro de 2013.

Por ter perdido a ação, Whitney teve de devolver $ 20 mil a Hill – valor que havia sido pago por ele ao advogado – e arcou com as custas total do processo, no valor total de $ 24,246.

Apesar da condenação, Whitney não contesta a decisão: “A Suprema Corte sempre vai proteger o público. A decisão foi correta. O meu erro foi não estar devidamente documentado para comprovar o que foi dito entre nós. E manter a documentação adequada para apresentar é um dever do advogado. Neste ponto, fui culpado e admito a punição”, resigna-se Whitney.

Agora, diante do fato consumado, o advogado braso-americano já estruturou como vai ser sua vida em 2014: “Durante este período, vou exercer outras funções. Tenho um acordo temporário com um advogado amigo meu que assumirá meus casos, desde que os clientes concordem, é claro”.

Indagado se atuaria como paralegal neste período, Whitney foi taxativo: “Não vou ser paralegal por dois motivos: primeiro, as pessoas confundiriam minha atividade; segundo, estou proibido pela penalização”.

Agora, ele precisa cumprir a pena e aguardar a data para solicitar a reinstalação de sua licença de advogado na Flórida. “É como se tivesse levado um cartão vermelho”, lamentou. “O que tenho a meu favor é o fato de que nunca havia tido nenhuma advertência. E quem me conhece sabe que sou honesto. Portanto, isto não vai manchar minha reputação junto à comunidade brasileira”, finalizou, esperançoso.

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