Quatro estudantes morreram e pelo menos 16 ficaram feridos num acidente com um ônibus a 14 quilômetros de Arequipa, no sul do Peru. O veículo partiu de Belo Horizonte em direção a Caracas, na Venezuela, com 40 alunos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que iriam participar do Fórum Social Mundial. O ônibus saiu da pista, rompeu o guard-rail e tombou por volta de meia-noite de segunda-feira (23/01). Alguns passageiros foram jogados para fora pelas janelas.
A viagem foi organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade e o ônibus foi alugado em Belo Horizonte. Os universitários passaram por Goiás, Mato Grosso e pela Bolívia e ainda iriam atravessar o Peru, o Equador e a Colômbia antes de chegar à Venezuela. Morreram os estudantes Pedro Coelho D´Ávila Correa (ciência da computação), Roberto Tadeu de Melo Barbosa (engenharia de produção), Tais Palmerston, (odontologia), e o namorado dela, Thiers Lage Bicalho Bretas (geografia).
Maioria dos passageiros dormia na hora do impacto – O estudante de biologia Pablo Hendrigo Alves de Melo disse que o ônibus não conseguiu completar uma curva. Bastante assustado, ainda sem saber exatamente o que acontecera com os colegas, ele disse que a maioria estava dormindo e só acordou com o impacto. ” Nós estávamos a caminho da (rodovia) Panamericana e em uma curva o motorista perdeu o controle e saiu da pista. O ônibus capotou. Eu mesmo acordei com o barulho. Alguns colegas foram atirados para fora do ônibus, mas esses foram resgatados pelos bombeiros e sei que já estão bem”, disse ele.
Já a estudante de comunicação Marina Utsch, que faria a cobertura da participação mineira no Fórum Social Mundial pela rádio da universidade, disse que a falta de sinalização da estrada pode ter contribuído para o acidente: ” A estrada é mal sinalizada em um lugar que tem um abismo. O motorista freou bem próximo da curva muito fechada e acabou tombando. As estradas são mais perigosas do que se pensava”. Ela ainda contou que as pessoas tiveram de sair do coletivo por conta própria, já que o local é de difícil acesso. ” Os estudantes tiveram que se ajudar para sair das ferragens. O socorro demorou cerca de 30 minutos para chegar”, relatou Marina.
Cônsul brasileiro afirma que feridos não correm risco – Os feridos foram levados para três hospitais da região, a maioria deles para o Hospital Regional Honório Delgado Espinosa, em Arequipa. À medida que iam sendo liberados, os estudantes foram alojados num hotel da cidade por um representante da embaixada brasileira em Lima que viajou para a região.
De acordo com o cônsul brasileiro em Arequipa, José Miguel Viscaya, os feridos receberam atendimento adequado: ” Apesar dos quatro mortos, nenhum dos outros estudantes teve ferimentos graves. Todos estão fora de risco”.
O ônibus saiu de Belo Horizonte na última quinta-feira, com 40 estudantes e dois motoristas que se revezavam. Rodrigo Oliveira, que cursa ciências sociais na UFMG, desembarcou horas antes do acidente, em Cuzco, no Peru. O ônibus, portanto, levava 41 pessoas a bordo. Sobreviventes contaram que o ônibus se desviou da rota programada devido a interrupções de pista provocadas pelas fortes chuvas na região.
Autoridades peruanas investigam se o ônibus estava em alta velocidade. O acidente ocorreu perto do povoado de Uchumayo, numa zona chuvosa conhecida como a “Curva del Cura” (curva do padre), onde vários veículos derraparam.