Brasil

A jornais estrangeiros, Dilma reafirma que não irá renunciar

Presidente recebeu correspondentes internacionais de seis jornais no Palácio do Planalto

DA REDAÇÃO (com G1) – A presidente Dilma Rousseff ganhou as manchetes dos principais jornais dos EUA e Europa na quinta-feira (24). A presidente reafirmou que não renunciará ao mandato, informou em sua edição online o diário “New York Times”.

Dilma recebeu repórteres do francês “Le Monde”, do norte-americano “The New York Times”, do argentino “Pagina 12”, do espanhol “El País”, do inglês “The Guardian” e do alemão “Die Zeit”. A entrevista, segundo o “NYT”, durou mais de uma hora.

A declaração para a imprensa internacional reproduz o que a presidente já vem dizendo sobre não deixar o governo. Na última terça (22), ela declarou em encontro com juristas no Planalto que “jamais” renunciará. “Não cabem meias palavras: o que está em curso é um golpe contra a democracia. Jamais renunciarei”, afirmou, na ocasião.

De acordo com o jornal americano, a presidente disse que o processo de impeachment que tramita na Câmara “não tem fundamentos legais”.

Segundo o repórter Thomas Fischermann, do periódico alemão “Die Zeit”, que participou da entrevista, Dilma classificou aos jornalistas estrangeiros de “golpe” a tentativa de tirá-la do poder por meio de um processo de impeachment. “Ela usou essa palavra, golpe. Disse que é um golpe diferente do que ocorreu na ditadura militar, mas é um golpe”, relatou o correspondente do “Die Zeit”.

Segundo o “The New York Times”, Dilma criticou o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e disse que ele colocou o impeachment em andamento para desviar a atenção das acusações contra ele – Cunha é réu na Operação Lava Jato, que apura desvio de dinheiro na Petrobras e em estatais.

O jornal também afirmou que, questionada sobre se aceitaria eventual impeachment, a presidente respondeu que vai apelar a “cada método legal disponível”.

O texto do “The New York Times” diz que Dilma “aparentemente está se preparando para uma batalha prolongada”. Na entrevista, informou o jornal, ela negou que suas duas campanhas presidenciais tenham recebido recursos ilegais.

Na reportagem, o “NYT” faz um panorama da situação do Brasil. Cita a crise econômica e a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil – a nomeação está suspensa pelo Supremo Tribunal Federal –, a quem chama de “mentor e predecessor” de Dilma. “Lula é meu parceiro”, afirmou a presidente aos jornais, segundo o “NYT”.

O jornal também lembra que o processo de imepachment é baseado nas chamadas “pedaladas fiscais” e que Dilma será julgada também no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por acusações de ter usado na campanha de 2014 dinheiro ilícito do esquema da Petrobras.

A reportagem cita ainda as manifestações de rua contra a presidente. “Eu não vou dizer que é agradável ser vaiada”, afirmou a presidente, de acordo com o “NYT”. “Mas eu não sou uma pessoa deprimida. Eu durmo bem à noite.”

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