Madrid – A primeira sensação de que você vai testemunhar um evento de grandes proporções vem na hora em que o táxi precisa dar uma volta enorme para lhe deixar a quase um quilômetro do estádio, por causa das várias ruas fechadas no bairro de Salamanca e do numeroso aparato policial montado. A segunda sensação vem quando você de repente se vê embolado no meio de uma multidão de torcedores incrivelmente fanáticos: de um lado River Plate, do outro, Boca Juniors.
Depois de passar por um rigoroso esquema de segurança, chegamos ao portão 21 do Estádio Bernabéu, em Madrid, para assistir à finalíssima da Copa Libertadores da América. Um jogão entre os dois times de maior rivalidade da Argentina. No alto da porta 21, um aviso diz que torcedores do River devem ir para um lado, e os do Boca para o outro. Devo confessar que tenho mais simpatia pelo Boca, clube popular como o o meu Flamengo, e ainda por cima nas cores azul e amarelo, as originais do clube da Gávea antes dele virar rubro-negro.
Mas o destino e os ingressos numerados nos encaminharam para o meio da torcida do River, na altura do córner à direita da baliza do gol. Um mar de gente já cantava muito antes do jogo começar, com as torcidas se alternando na hegemonia e nas vaias uma à outra. O frio de cinco graus era tanto amenizado pelo calor da torcida quanto pelos aquecedores espalhados pelo teto do Bernabéu. O jogo começou e o venerando estádio do Real Madrid esquentou de vez.
O resto já se sabe: um jogaço de futebol que acabou com a vitória do River Plate e uma festa em vermelho e branco pelas ruas de Madrid e Buenos Aires. De resto, para os torcedores do Boca, a descomunal odisseia de ter de voltar para Buenos Aires sem a taça, e ainda por cima ao lado dos barulhentos vencedores do River Plate. E olha que são doze horas de voo de Madrid a Buenos Aires…