Jorge Nunes
Esta edição de retrospectiva dos acontecimentos mais importantes que marcaram 2012 começa logo com uma boa notícia: o mundo não acabou em 21 de dezembro passado, como profetizado pelos supersticiosos apocalípticos de plantão. Os planos para o fim do mundo ficam assim adiados para uma data mais plausível, mais ou menos daqui a cinco bilhões de anos, quando a ciência prevê que nosso sol começará a dar sinais de que seu combustível está-se acabando. Até lá, haverá muitas e muitas retrospectivas.
O ano terminou melhor do que começou no que diz respeito à situação dos imigrantes indocumentados nos Estados Unidos. A reeleição de Barack Obama, conquistada graças ao apoio maciço do eleitorado latino, provou de uma vez que a voz desse grupo étnico não pode mais deixar de ser ouvida pelos políticos. O partido republicano finalmente percebeu a importância dos latinos e resolveu cooperar com o governo democrata para que o país promova um amplo debate sobre a reforma imigratória, já no início de 2013, logo depois que o presidente Obama tomar posse para o seu segundo mandato.
A reeleição de Obama pode vir a ser o fato mais relevante de 2012 para a comunidade imigrante indocumentada nos Estados Unidos, que enfim vai ter em 2013 uma oportunidade para realizar o tão aguardado sonho de ganhar uma cidadania integral.
Foi também um ano de crimes e tragédias na comunidade, acontecimentos típicos de todos os anos, e que chocam a todos nós. Mas nada pode ser comparado ao massacre acontecido em dezembro, pouco antes do Natal, em Connecticut, quando um rapaz de vinte anos atirou e matou 26 pessoas em uma escola primária, sendo 20 delas crianças. O crime bárbaro trouxe de volta as discussões sobre o polêmico direito dos cidadãos americanos de comprarem sem praticamente nenhum controle armas de grosso calibre, mais indicadas para serem usadas numa guerra que no seu dia-a-dia de cidadão.
O crime foi tão contundente em sua barbárie que até instituições defensoras do direito do porte de armas, como a forte NRA (National Rifle Association), manifestaram-se favoráveis a uma revisão do papel das armas na sociedade americana.
No Brasil, o julgamento do mensalão dominou o noticiário, e fez surgir um herói nacional na figura de um ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, relator do processo. Barbosa teve atuação decisiva no processo que condenou políticos envolvidos em casos de corrupção, mandando para cadeia figuras até então consideradas intocáveis e blindadas pelo governo. Ele terminou o ano como presidente do Supremo, mas já tem o seu nome cogitado até mesmo para uma futura candidatura à presidência do Brasil.
Ainda que o julgamento tenha promovido justiça no caso do mensalão, muito ainda há para ser feito a respeito da corrupção endêmica que assola o Brasil. No final do ano, a Câmara Federal e o Supremo travaram uma queda-de-braço institucional, quando os parlamentares alegaram interferência do Supremo em seus assuntos, notadamente por causa da emissão dos mandados de prisão de alguns deputados condenados pelo julgamento do mensalão, o que, alegam os parlamentares, seria uma prerrogativa exclusiva do Congresso.
O Brasil perdeu em 2012 um dos seus maiores gênios. Morreu poucos dias antes de completar 105 anos, no Rio de Janeiro, o arquiteto Oscar Niemeyer, que planejou Brasília ao lado de Lucio Costa e foi autor de inúmeras obras icônicas pelo mundo.
Nos esportes, o feito maior foi, inegavelmente, a conquista do título mundial pelo Corinthians. Um outro destaque foi a demissão inesperada de Mano Menezes do cargo de treinador da Seleção. Felipe Scolari, o Felipão campeão de 2002, foi chamado para preparar a equipe que vai disputar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
Nos Estados Unidos, o ano terminou com uma luz no fim do túnel da economia. Depois de cinco anos em queda, os preços da casa própria começaram a subir novamente. O mercado de imóveis parece que já rebateu do fundo do poço, e já há um prenúncio de aquecimento semelhante ao boom do início dos anos 2000, mas agora com mecanismos mais rigorosos de controle do sistema e para a concessão dos financiamentos.
No sul da Flórida, os brasileiros que não residem nos EUA foram responsáveis por uma verdadeira corrida imobiliária em Miami, atrás de imóveis oferecidos a preços muito mais em conta que nas grandes cidades do Brasil.
Em outubro, a comunidade brasileira ganhou um banco só para ela. Depois de uma extensa pesquisa de viabilidade, o Banco do Brasil resolveu instalar-se nos Estados Unidos, oferecendo serviços como um banco americano comum, abrindo o Banco do Brasil Americas, que já conta com três agências no sul da Flórida, e prometendo muitas outras mais para 2013. A diferença para nós, brasileiros, é que além de oferecer todos os serviços comuns aos bancos americanos, o BB Americas fala a nossa língua e conta com todo o respaldo e segurança do maior banco da América Latina.
Enfim, o mundo não acabou em 2012. Ao contrário, avançou mais um passo na direção do progresso, sempre daquele jeito cheio de sacrifícios com que caminha a humanidade. No cômputo geral, um ano como todos os outros, mas não menos importante na construção de um futuro melhor para todos nós que habitamos este pequeno planeta azul.
Feliz 2013.