O paulista de Sorocaba, Anderson Sodre, 26, foi encontrado morto no apartamento em que morava em San Francisco, CA,na última quarta-feira (4).
Anderson mudou-se para os EUA em 2018 para cuidar das crianças de uma família de Orono, próximo a Minneapolis, MN, através do programa Au Pair.
Conhecido nas redes sociais como Ander Jackson, o brasileiro tinha 117 mil seguidores no Instagram, onde costumava publicar vídeos de humor e músicas. Apesar da fama na plataforma, ele estava ausente das redes sociais desde outubro de 2020, quando publicou seu último post com fotos antigas de amigos do Brasil.
Nicole Pagatzzi, amiga de Anderson, comentou a morte do conterrâneo no Facebook: “Sinto sua falta desde o dia que foi para outro país, não sei nem descrever como serão meus dias com esse novo mundo sem você nele, meu amigo. Estou com o coração em pedaços”, escreveu.
As causas do óbito ainda estão sendo investigadas. O Consulado Geral do Brasil em San Francisco disse estar em contato com as autoridades para esclarecer o caso o mais rápido possível.
A família de Anderson criou uma vaquinha online para arrecadar dinheiro para o traslado do corpo: “Somos de família humilde e não conseguimos arcar com os custos do translado. Precisamos de ajuda para que ele possa ser velado e sepultado aqui na cidade de Sorocaba,SP, perto da sua família e amigos que tanto o amam”, diz a descrição da campanha criada pela irmã de Anderson, Noemi Gomes Ferreira da Silva.
Até a manhã desta segunda-feira (9), a iniciativa havia arrecadado $50,5 mil.
Denúncia de racismo e maus tratos
Ano passado, Anderson concedeu uma entrevista para o site G1 comentando o caso de racismo cometido pela família que o recebeu em Orono.
Ele contou que era forçado a trabalhar além do previsto, tendo que limpar a casa, cozinhar e retirar gelo da frente da residência durante o inverno. Além disso, tinha seus horários de folga controlados.
De acordo com o jovem negro, a família não promovia a interação dele com amigos brancos. “Era uma família sem amizade com nenhum negro, nunca vi foto nem nada”, disse ao G1.
Em determinada noite, ele contou que o casal voltou para casa após uma reunião com outras pessoas e o expulsou do local, chamando-o de “lixo”e acusando-o de praticar bullying contra seus filhos.
Os americanos também teriam pegado o notebook do brasileiro e apagado todos os vídeos e fotos feitos durante a estadia dele com a família.
Os antigos “patrões”, segundo ele, afirmaram que ele mostrava conteúdo inadequado aos meninos.
As regras do programa Au Pair nos EUA garante o visto J-1 aos jovens com idade entre 18 e 26 anos que trabalhem 45 horas semanais cuidando de crianças em troca de um salário e uma ajuda de custo para estudar, além de moradia e alimentação.
O objetivo é promover a troca cultural e educacional entre os intercambistas e as famílias americanas.
Ultimamente, Anderson trabalhava como motorista de aplicativo.