Histórico

Imagina na Copa

Antonio Tozzi

São Paulo-SP – A Brahma está veiculando um comercial no qual dois amigos estão numa mesa de bar em um aeroporto brasileiro e um deles pergunta ao outro: “Se está assim agora, imagina na Copa”, em referência ao intenso movimento no terminal aeroportuário. Aí, como num passe de mágica, eles se veem no futuro, com a chegada de belas turistas, jogadores, alegria e até mesmo um alienígena. Na torre de controle, destaque para o ex-craque Ronaldo.

O cenário róseo pintado pelo comercial da Brahma neste momento parece mais uma quimera. Os aeroportos brasileiros continuam com infraestruturas precárias há apenas um ano e meio da realização do maior evento futebolístico do planeta, que deve atrair torcedores de todas as partes do mundo.

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o passageiro demora cerca de uma hora e meia para sair empurrando o carrinho com as malas na porta de saída. O tempo que se demora para fazer a imigração pior logicamente no caso dos estrangeiros -, e para recolher a bagagem é absurdo e pode ainda ser mais demorado se o sujeito quiser passar no Duty Free.

No caso de São Paulo, os passageiros ainda descem do avião no meio da pista e embarcam em ônibus que percorrem a pista do aeroporto. Quero crer que isto esteja acontecendo por causa das reformas de ampliação do terminal aeroportuário, porque o principal aeroporto do país não pode ser assim tão atrasado. Em Salvador, por exemplo, os passageiros descem pelos fingers de maneira mais moderna e segura.

Pelo visto, o problema não é localizado. Na verdade, ele se estende por todos os aeroportos brasileiros. O jornalista e apresentador Alexandre Garcia, da TV Globo, comentou que ao desembarcar no aeroporto internacional de Berlim, na Alemanha, demorou apenas dez minutos para estar pegando um táxi. Ele lembrou ainda, com bastante propriedade, que somente o aeroporto internacional de Atlanta, no EUA, tem um movimento de passageiros superior a todos os aeroportos brasileiros juntos. E funciona muito melhor. Termina o comentário com uma pergunta: Como é que eles conseguem e nós não?

Boa pergunta. E o problema da infraestrutura não se resume aos aeroportos. Os calçamentos das grandes cidades brasileiras estão horríveis. Em São Paulo e em Salvador parece que os carros praticam rallies, tamanho os desníveis das ruas, com asfalto deteriorado, pedriscos e um monte de lombadas para desestimular os motoristas mais apressados e evitar mais acidentes graves que podem aumentar a estatística de mortes no trânsito.

As prefeituras das cidades onde haverá jogos devem fazer uma espécie de mutirão para recapear as principais vias públicas, a fim de diminuir os contrastes entre os estádios novos e modernos com a infraestrutura viária deteriorada e superada. Ora, de nada adianta termos estádios de futebol de primeiro mundo com uma infraestrutura de terceiro mundo.

Para não dizer que tudo está ruim, o destaque positivo fica com as rodovias, pelo menos as estradas do estado de São Paulo. Todas privatizadas, apresentam um excelente nível de asfalto, sinalização e assistência ao usuário. Realmente, não ficam nada a dever às rodovias dos Estados Unidos. O ponto negativo neste caso é o exorbitante preço dos pedágios. Para transitar nestas estradas boas, os motoristas pagam bastante, e não têm a alternativa de pegar a estrada pior para fugir dos pedágios, como ocorre nos EUA.

A esperança é que durante o ano de 2013 os governos federal, estaduais e municipais concentrem esforços para recuperar e modernizar a infraestrutura do Brasil, sob risco de passarmos um vexame internacional.

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