Assistir filmes no carro pode ter seu charme, com liberdade para bater papo, levar lanchinhos de casa e até ficar descalço
Eles pareciam fadados a desaparecer, mas os cinemas drive-in estão de volta com toda a força por conta da pandemia, se firmando como uma das poucas diversões para quebrar a monotonia com segurança sanitária.
Na região da Grande Los Angeles já havia algumas opções, que estavam a um passo de fechar as portas e receberam uma nova injeção de investimentos. Além disso, outros foram montados a toque de caixa, utilizando estacionamentos vazios. Agora, há mais de uma dezena de locais disponíveis para assistir desde filmes recém-lançados a clássicos, sempre com sessões noturnas. (Confira o box.)
Pra quem não sabe, alguns drive-ins cobram por veículo e outros por pessoa. A maioria não vende ingressos online nem oferece reservas antecipadas, portanto, é recomendado chegar uma hora antes para pegar uma boa vaga. “Se o carro da frente estacionar de ré e abrir o porta-malas, pode bloquear parte da sua visão de tela, por isso é bom chegar cedo”, explica a atriz e produtora Natalia Molero, que foi a um drive-in com o marido pela primeira vez na pandemia.
A jornalista Jana Nascimento Nagase recomenda ir a drive-ins estabelecidos, evitando os chamados “pop-up”, montados somente para eventos específicos. “Fui a uma pré-estreia no estacionamento do Hollywood Palladium com minha família e a tela era muito baixa, o som estava péssimo. Além disso, os carros estavam muito próximos um do outro, bloqueando a visão”, lembra a jornalista. “Já quando fui ao Paramount, a qualidade foi outra”.
Levar um rádio portátil pode ser uma boa solução para quem tem medo de drenar a bateria do seu veículo. Isso porque é preciso sintonizar o dial na faixa do drive-in para captar o som do filme, o que implica em deixar o carro ligado ou pelo menos seu rádio funcionando durante toda a sessão. “Fiquei preocupado, porque fui ao Mission Tiki, que é bem distante”, conta o gerente de marketing na área musical Sylvio Fagundes.
Todos os entrevistados sugeriram levar lanche e bebidas de casa. “As coisas lá são caras como no cinema”, avisa Natalia. Inclusive pode ser um bom passatempo enquanto espera a sessão começar. A produtora de cinema Daniela Shaw, frequentadora assídua de drive-ins com o namorado desde bem antes da pandemia, lembra ainda que alguns estabelecimentos têm food trucks, o que pode ser uma alternativa interessante.
Os entrevistados foram unânimes em dizer que se trata de uma experiência bem diferente de ir ao cinema: a tela não é tão nítida e o som nem se compara. Mas Sylvio gostou de poder fazer comentários sobre o filme com o marido sem ter vizinho para reclamar. Daniela também gosta dessa liberdade: “você pode tirar os sapatos, deitar, usar cobertor, sem ser julgado por isso”, conta a produtora, que até já levou sua gata Luna no Vineland Drive-In. “Ela se divertiu à beça.”
Com exceção de Daniela, todos se mostraram relutantes em ir novamente a um drive-in – só se fosse um filme muito especial e ainda tivesse pandemia. No entanto, Sylvio acha que é um excelente programa para fazer a dois pelo menos uma vez: “Como brasileiro, eu nunca tinha tido essa experiência antes, era algo diferente.”
Daniela também recomenda que sejam só duas pessoas, porque a visibilidade não é tão boa para quem estiver sentado no banco de trás. “A menos que você tenha um carro grande ou uma pickup.” Ela pretende continuar frequentando drive-ins com ou sem pandemia. Seu preferido é o Mission Tiki. “Acho que quem curte eventos de cinema ao ar livre vai gostar.”
DRIVE-INS NA REGIÃO METROPOLITANA DE LOS ANGELES
CINELOUNGE DRIVE-IN HOLLYWOOD – Uma tela, com lançamentos. Ingressos online: de $30 (motorista) a $100 para cinco pessoas. Site: arenascreen.com
ELECTRIC DUSK (Glendale) – Uma tela, com filmes antigos. Ingressos no Eventbrite: $15 por veículo mais $8 por pessoa (inclusive motorista). Site: electricduskdrivein.com
HOLLYWOOD LEGION – Uma tela, com lançamentos e clássicos. Ingressos online: $65 por veículo para duas pessoas até $80 para quatro. Inclui pipoca ilimitada, um refrigerante e balas para cada passageiro. Site: hollywoodlegiontheater.com
MISSION TIKI (Montclair) – Fundado em 1956, a 35 milhas de LA. Quatro telas, com lançamentos. Ingressos no local: $10 (adultos) e $1 (5-9 anos) para sessão dupla. Site: missiontiki.com
PARAMOUNT (Paramount) – Uma tela, com lançamentos. Ingressos no local: $10 (adultos) e $4 (5-8 anos). Site: paramountdrivein.com
ROADIUM (Torrance) – Uma tela, com filmes antigos. Ingressos no Eventbrite: $30 por veículo. Site: roadium.com/drive-in-movies
RUBIDOUX (Riverside) – Fundado em 1948, a 50 milhas de LA. Três telas, com lançamentos. Ingressos no local: $10 (adultos) e $1 (5-9 anos) para sessão dupla. Site: rubidouxswapmeet.com
VAN BUREN (Riverside) – Fundado em 1964, a 55 milhas de LA. Três telas, com lançamentos. Ingressos no local: $10 (adultos) e $1 (5-9 anos) para sessão dupla. Site: vanburendriveintheatre.com
VINELAND (City of Industry) – Quatro telas, com lançamentos. Ingressos no local: $10 (adultos) e $4 (5-8 anos). Site: vinelanddriveintheater.com
WE (Santa Monica) – Uma tela, com lançamentos. Ingressos online: $30 por veículo (é preciso comprar no mínimo dois). Inclui pipoca, refrigerante, estacionamento VIP reservado e vouchers. Site: wedriveins.com
Ex-Olodum lança álbum gravado em Los Angeles
Como tecladista do Olodum, o mineiro Douglas Felipe dividiu o palco com estrelas mundiais do quilate de Michael Jackson, Ziggy Marley e Jimmy Cliff. Também tocou com alguns dos maiores nomes da música brasileira, dentre eles, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Sandra de Sá, Jorge Benjor, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Chico Science e Nação Zumbi.
Com a banda baiana, ele fez shows em mais de 80 países e lançou cinco álbuns. Depois disso, ainda participou de turnê como tecladista de Carlinhos Brown, seu parceiro na canção “Vai Rolar”, que faz parte do disco “Bahia no Mundo – Mito e Verdade” do cantor soteropolitano.
Com um currículo invejável desses, Douglas Felipe lança agora o seu primeiro álbum solo, batizado de “Afro”. São 11 faixas de composições próprias gravadas em Los Angeles, onde ele mora desde 2001. Os ritmos são variados: afoxé, axé, afro beat, candomblé, samba, samba reggae, forró e reggae.
“É um trabalho que reverencia a negritude-raiz, com mensagens e reflexões que vão do amor ao protesto. E, embora cada canção revele um sentido diferente, todas passeiam pelas vertentes africanas”, explica o cantor e compositor.
O disco tem percussão assinada por Japa System e conta com a participação dos baixistas Cesário Leony e Elpídio Bastos. “Afro” está disponível nas principais plataformas digitais e no site douglasfelipe.com.