A chefe da promotoria pública de New York, Letitia James, abriu uma ação contra a poderosa NRA (National Rifle Association) e seu líder Wayne LaPierre por corrupção. A investigação contra LaPierre e outros três diretores da NRA começou em abril de 2019 e revelou um esquema de enriquecimento ilícito e fraude financeira, em que os investigados usaram 64 de milhões de dólares doados para a organização nos últimos três anos para comprar joias, jatinhos, e patrocinar viagens.
Apesar de ser bem conhecida por seu lobby político e ligações com a indústria de armas, a NRA, é na verdade uma organização sem fins lucrativos, isenta de impostos. Neste sentido os desvios de dinheiro da organização são uma ofensa à lei de caridade de New York. A promotora do caso, agora, busca dissolver a organização.
Os quatro “basicamente saquearam os ativos da organização”, disse James, deixando praticamente insolvente o grupo que já foi rico e injetou milhões em campanhas políticas republicanas.
“A influência da NRA tem sido tão poderosa que a organização não foi controlada por décadas, à medida que os altos executivos desviavam milhões para o próprio bolso. A organização está cheia de fraudes e abusos, então hoje procuramos dissolver a NRA, porque nenhuma organização está acima da lei”, completou.
Em comunicado, a NRA acusou a promotora de abrir um processo para “somar pontos políticos” a três meses das eleições.
“Este foi um ataque infundado e premeditado à nossa organização e às liberdades da Segunda Emenda que ela luta para defender”, disse a presidente da NRA, Carolyn Meadows em nota.
Influência Política
Durante décadas, a NRA representou milhões de proprietários e advogados de armas nos Estados Unidos, lutando com sucesso substancial para enfraquecer e eliminar as leis que impunham controles, usando a Segunda Emenda à Constituição como argumento.
Na política, a NRA apoiou os candidatos que se alinharam com seus pontos de vista e criticou aqueles que apoiavam a regulamentação de armas de fogo. Nas eleições de 2016, a instituição injetou $ 50 milhões na campanha presidencial de Donald Trump e outros seis senadores republicanos, tendo elegido cinco deles.
Os filhos do presidente americano, Eric e Donald Jr, são membros e participam regularmente de eventos da NRA.
Questionado sobre o processo, Trump disse na Casa Branca que se trata de “uma coisa terrível”. “Acho que a NRA deveria se mudar para o Texas e levar uma vida muito boa e bonita”, sugeriu.
Enriquecimento ilícito
James disse que LaPierre usou ilegalmente os fundos da NRA para pagar jatos particulares para levar sua família em férias de luxo nas Bahamas, e desviou milhões de dólares sem explicação por meio de uma agência de viagens.
Além disso, a NRA pagou por safaris na África e até mesmo pela associação de LaPierre em um clube de golfe, algo não previsto oficialmente.
LaPierre também aceitou presentes de luxo e viagens de fornecedores da NRA, e um pacote de retirada de $ 17 milhões foi concedido sem a aprovação do conselho da associação.
O processo acusa o ex-tesoureiro da NRA, Wilson Phillips, de se contratar como consultor da organização por US$ 1,8 milhão e de esconder dezenas de milhões em despesas para os executivos da NRA. Também foram acusados o conselheiro geral John Frazer e o ex-chefe de gabinete Joshua Powell.
A procuradora negou que tenha agido por motivações políticas e disse que o estado apenas forçou duas outras ONGs a fechar nos últimos anos, uma delas, a Fundação Trump.
A acusação de James ocorre no momento em que a NRA, embora enfraquecida financeiramente, deve injetar grandes quantias nas eleições gerais de novembro.