Os amantes do vinho conhecem muito bem Mendoza, uma cidade charmosa, bonita, capital da Província de Mendoza, na Argentina, que é a maior produtora de vinhos da América Latina. A cidade fica aos pés dos Andes e impressiona pelo número de turistas que lá praticam o enoturismo, em alta no mundo, e que se encantam com as inúmeras e incríveis vinícolas.
No final do ano passado – antes da pandemia do coronavírus invadir o nosso dia-a-dia – fui lá ver o que é que Mendoza tem, e tenho que admitir! Tinha que ter estudado mais sobre a Província de Mendoza para não levar o impacto que levei. É que já tinha conhecido a região de Champagne, na França, que é bem menor que Mendoza e a região do Valle Central, no Chile, diferente no estilo. Então, achei que a principal região vinícola argentina fosse igual ou parecida e não imaginava que Mendoza tem mais de 1.200 vinícolas, ou bodegas como se fala na Argentina.
Destas, umas 200 são abertas para visitação, com tour guiados, palestras feitas pelos enólogos da bodega, e oferecendo almoços gastronômicos com degustação dos vinhos produzidos lá. A grande maioria destas vinícolas tem caves enormes, instaladas em construções sofisticadas, modernas, algumas projetadas por famosos arquitetos mundiais.
A vinícola Zuccardi,a mais nova delas, construída em 2016, ganhou o título de Melhor Vinícola da América do Sul e também do Mundo – ficou em primeiro lugar entre 1.500 vinícolas, na lista geral da World’s Best Vineyard Awards anunciada em Londres em julho de 2019. A Zuccardi foi uma das quatro vinícolas de Mendoza onde tivemos um almoço enograstronômico harmonizado, nos serviram a deliciosa parrilla de carne argentina, acompanhada de legumes grelhados da própria horta, mas o que eu mais gostei, fora os vinhos, foram os pães! Degustamos os vinhos Malbec Gualtallary, Cabernet Sauvignon, Chardonnay e o espumante Zuccardi Blanc des Blancs.
As outras vinícolas onde almoçamos foram: Andeluna, a mais típicamente argentina com paredes cobertas de tijolinhos terracota, decorada ao estilo dos pampas com peças de seu artesanato muito colorido, uma construção com aspecto de uma fazenda, muito bonita e romântica, onde fiquei embevecida pelo pôr do sol, que se escondia atrás dos Andes.o banquete de 4 cursos foi harmonizado pelos vinhos Pasionado Cuatro Cepas,e os Malbec Altitud e Andeluna 1.300.
El Enemigo, onde se faz o melhor Chardonnay que já provei, e cujo nome é no mínimo estranho. Por acaso, lá estava o dono da bodega Alejandro Vigil, uma figura: muito simpático, comunicativo, alegre, um enólogo popstar como é considerado na Argentina, e nos contou o significado do nome El Enemigo. Este nome se refere ao maior inimigo que pode barrar a realização dos nossos maiores sonhos: o medo, o nosso eu interior. Foi o que ele enfrentou ao decidir construir sua própria vinícola em parceria com Adrianna Catena, sócia da Vinícola Catena Zapata, onde Virgil é o enólogo responsável pela excelência dos vinhos. No almoço, experimentamos os vinhos Bonarda, Chardonnay, CabernetFranc e Malbec, harmonizados com a comida, uma gloriosa sequência de quatro pratos.
Deixei por último o melhor almoço harmonizado para fechar com chave de ouro a primeira parte sobre Mendoza: a Vinícola Chandon, um charme! O restaurante é muito chique e tem em frente um pátio sombreado por trepadeiras floridas, onde nos sentamos para ouvir a palestra da enóloga sobre os vinhos produzidos e a história da Chandon argentina.
Tudo perfeito, tudo bem harmonizado “comme il faut”, servido com a elegância peculiar francesa, a mesa finamente decorada com delicados arranjos de rosas. Um deleite, a gente no meio de vinhedos, degustando vinhos e pratos deliciosos, mirando os Andes bem na frente, o Aconcagua lá ao longe…Vocês já comeram alface quente? Uma delícia…