As críticas às políticas de imigração do atual governo normalmente vêm dos democratas e dos ativistas dos direitos humanos. No entanto, um novo documentário exibido esta semana na televisão americana mostrou que até os próprios agentes federais desaprovam as medidas impostas pelo DHS e pelo ICE, que provocou a separação das famílias de indocumentados presos. Esse foi o caso de Wesley Farris, um oficial de alto escalão da Patrulha da Fronteira e, El Paso, no Texas.
“Foi a coisa mais horrível que já fiz”, admitiu o agente nas imagens veiculadas no documentário ‘Frontline Targeting El Paso’. Segundo informações do vídeo, Farris foi um dos encarregados de separar as crianças imigrantes de seus pais indocumentados naquela unidade. “Nenhum de nós ficou feliz com isso, mas tivemos que fazer porque fomos mandados”, disse o agente, acrescentando que “ninguém deve ser impedido de ver seus próprios filhos”. Especialistas dizem que a política implementada pelas autoridades de imigração causa trauma duradouro.
Na entrevista, o Farris lembrou um fato, ocorrido durante a última separação familiar que ele realizou, há mais de um ano. “Era uma criança de cerca de dois anos e ele estava afastado dos pais há alguns dias. Quando o responsável pela unidade que abrigava os menores chegou para levá-lo, ele se agarrou a mim, como se estivesse esperando o socorro de alguém que ele pelo menos já tinha visto antes. Isso me deixou muito mal”, afirmou o agente, que a partir daquele fato, pediu ao seu superior para se afastar da função.
O documentário foi produzido por Marcela Gaviria e Martin Smith e tem como foco as polêmicas medidas de imigração do governo de Donald Trump. Segundo os idealizadores, El Paso se tornou o centro da batalha de imigração em andamento nos Estados Unidos, já que muitas políticas da atual administração foram implantadas nesta cidade do Texas, até como forma de teste. O vídeo pode ser visto no site da PBS (pbs.org/frontline).
