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Mercado acionário deu o tom em 2019

Quem investiu na Ibovespa está sorrindo neste início de 2020

A Embraer foi uma das empresas que se desvalorizou no Ibovespa em 2019 (Foto: Agência Brasil)
A Embraer foi uma das empresas que se desvalorizou no Ibovespa em 2019 (Foto: Agência Brasil)

Caderneta de poupança? Pode esquecer. O melhor investimento para o brasileiro em 2019 foi o Ibovespa. O índice saiu de 91 mil pontos em janeiro para 115.645 pontos no último pregão de dezembro, acumulando uma alta no ano de 31,58%. Dois fatores explicam esse desempenho positivo: a queda da Selic, que tirou atratividade dos investimentos de renda fixa, e o início de uma lenta e gradual recuperação econômica do país.

A alta do Ibovespa em 2019 é a maior desde 2016, quando avançou cerca de 39%. Com esse desempenho, a Bolsa ficou à frente de outros importantes indicadores do mercado de investimentos, como o ouro (+28,10%), CDI (+6,17%) e poupança (+4,26%).

Já o dólar, que voltou para a casa dos R$ 4, ficou 3,5% mais caro para o brasileiro em 2019. Entre os emergentes, essa valorização só foi menor que as registradas no peso da Argentina (+59%), na lira turca (+12%) e no peso chileno (+8%).

Em 2019, o sol brilhou para (quase) todas as companhias listadas no Ibovespa. No ano em que o índice acumulou quase 32% de valorização, apenas seis empresas registraram desvalorização na Bolsa. Todas as outras 63 ações listadas fecharam o ano no azul. As desafortunadas são Braskem, CVC, Embraer, Smiles, Ultrapar e Cielo.

Elas se desvalorizaram por fatores externos. A Braskem, empresa do setor petroquímico, desvalorizou 35% por causa da recuperação judicial da Odebrecht, holding da empresa que tem como sócio a Petrobras. Já as ações da operadora de turismo CVC caíram 28% por causa do pedido de falência da Avianca e pela disparada do dólar. A Embraer foi atingida pela crise da Boeing, que está com problema por causa da aeronave 737 Max, e se desvalorizou em 9%. A Smiles, do setor de transporte aéreo, foi prejudicada após o anúncio da Gol de que compraria a empresa de milhas aéreas. As ações chegaram a cair até 40%, mas se recuperaram depois de a gol ter concordado em pagar 30% a mais pelos papéis após o fechamento da transação. Assim, a desvalorização ficou em 3,6%.

A Ultrapar foi outra que ficou quase no zero a zero, mas que teve dias bem piores na bolsa — as ações chegaram a acumular queda de quase 40%, porém, fechou o ano com apenas 2% de desvalorização. Os investidores torceram o nariz para as estratégias da holding, que é dona dos postos Ipiranga, da empresa de gás Ultragaz, da química Oxiteno e da rede de farmácias Extrafarma. O braço de combustíveis foi o mais prejudicado. A rede Ipiranga perdeu participação de mercado no segmento de combustíveis para concorrentes como a Shell. Além disso, a Ultrapar queimou caixa para financiar a expansão agressiva da rede da Extrafarma, sendo que o ramo farmacêutico já é marcado pela concorrência acirrada de gigantes como Raia Drogasil e DPSP (dono das drogarias Pacheco e São Paulo).

Empresa do setor de pagamentos, a Cielo tem sofrido com a “guerra das maquininhas”. Listada na bolsa de valores de São Paulo desde 2009, a Cielo é controlada pelo Banco do Brasil e pelo Bradesco e agora tem tentado driblar o peso de concorrentes como a Rede, empresa que pertence ao Itaú, e as fintechs Stone e PagSeguro. O aumento da competição tem afetado suas margens e receitas, com reflexo no preço das ações, que caíram 0,59%. Os analistas preveem crescimento ainda maior do Ibovespa em 2020 e apostam na recuperação dessas empresas. Os casos mais difíceis são da Braskem e Embraer que dependem de decisões conjunturais.

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