Nadar 10 km em mar agitado, percorrer 421 km de bicicleta por sinuosas montanhas e ainda correr duas maratonas (84 km) sob um sol escaldante… e tudo em apenas três dias. Assim são as provas do Ultraman, no Havaí, competição que reúne selecionados atletas de várias partes do mundo, convidados para esta tradicional – e insana – prova que exige resistência física e mental. E um brasileiro de Deerfield Beach foi um dos escolhidos pela organização para participar do desafio, edição 2019: Alessandro Medeiros fez bonito e concluiu o percurso total de 515 km em pouco mais de 32 horas, obtendo o 13º lugar geral.
O Ultraman 2019 aconteceu na ilha de Kona, entre 29 de novembro e 1º de dezembro, no 35º aniversário da prova, considerada o mundial da categoria. E o feito de Alessandro é ainda mais impressionante, pois ele, aos 49 anos de idade, concilia sua paixão pelo esporte com uma vida normal, como a de qualquer trabalhador na América: rotina de 10 a 11 horas de trabalho, inclusive em alguns finais de semana, como entregador do Fedex. “E ainda preciso encontrar tempo para a família, treinos e tudo mais”, revela o brasileiro, que completou o seu quinto Ultraman.
Poucos dias antes do mundial, Alessandro alterou sua alimentação. Ele foi o primeiro do mundo a incorporar uma abordagem nutricional baixa em carboidratos, cetogênica (consumo de alimentos ricos em gorduras) e com carnes vermelhas durante a preparação para esta prova. Nos três dias do Ultraman, ele ficou de jejum. Agora, já está se preparando para os próximos desafios: o sul-americano de Ultraman, que será no Brasil, a Ultramaratona de Key West e o Ironman Florida.
Este ano, 29 atletas participaram da competição, inclusive um outro brasileiro – Edson Maisonnette, do Rio de Janeiro. No primeiro dia, Alessandro finalizou a natação com o tempo de 3h45m e partiu para a primeira etapa do percurso de Bicicleta, saindo de um calor de 35º C para temperaturas de 14º C na parte dos vulcões na ilha. O segundo dia foi ainda mais complicado: a chuva e os ventos complicaram a situação e o brasileiro teve um princípio de hipotermia (baixa temperatura do corpo). O problema foi resolvido com o uso de gorro e cachecol.
“Sabia que o dia ia ser longo e a resistência já estava minada”, admitiu Alessandro. Com isso, no terceiro dia, que é o forte do atleta de Deerfield (corrida), acabou prejudicado pelo esforço dos dois dias anteriores. Mesmo assim, o tempo geral de 32h11m53s e a 13º colocação é fantástico. Um detalhe sobre o Ultraman é que todos os competidores que terminam a prova são homenageados. Afinal, esta é, sem dúvida, uma modalidade para poucos.