O número de brasileiros detidos pela Patrulha da Fronteira (US Border Patrol) aumentou dramaticamente durante o ano fiscal passado que terminou em setembro. De acordo com números divulgados pelo Departamento de Homeland Security, cerca de 18 mil brasileiros foram detidos em 2019 no território nacional, contra somente 1,600 no ano anterior. É o maior número desde que o departamento começou a contabilizar as nacionalidades nas fronteiras.
O aumento de mais de dez vezes no número de brasileiros é proporcional ao aumento no número total de migrantes que tentam a sorte pela fronteira do México, ou que ultrapassam o tempo de permanência no País. Mas o Secretário de Homeland Security em exercício, Ken Cuccinelle, disse na terça-feira em entrevista coletiva que os EUA estão “promovendo conversas” com o Brasil a respeito do crescente número de cidadãos brasileiros que chegam à fronteira entre México e EUA. Desde o começo do ano fiscal de 2020, em outubro, já foram detidos mais de 3 mil brasileiros pelo Departamento, confirmando a tendência de aumento.
“Temos um diálogo aberto com eles. O assunto imigração continua sendo debatido com o Brasil. Temos visto mais brasileiros na fronteira sul, e isso tem aumentado a intensidade da atuação dos EUA deste lado da fronteira, como parte dos desafios que temos enfrentado”, disse Cuccinelli, em resposta a uma pergunta se os EUA estariam pensando em fazer com o Brasil um acordo semelhante ao que fez com a Guatemala. O governo Trump entrou em acordo com os governos de Guatemala, El Salvador e Honduras sobre a repatriação de cidadãos daqueles países que buscam asilo nos EUA.
No total, mais de 850 mil migrantes foram detidos na fronteira sul em 2019. Os países da América do Sul foram os que mais contribuíram para o aumento nas detenções, em especial Brasil, Equador e Venezuela.
O diretor do Wilson Center’s Brazil Institute, Paulo Sotero, disse à rede de TV CNN que o Brasil há anos vem passando por problemas econômicos, com alto desemprego e baixo crescimento, fazendo com que mais cidadãos tentem migrar para os Estados Unidos. Segundo Sotero, a eleição presidencial de 2018, que teve Jair Bolsonaro como vencedor, foi importante, já que o novo governo fez promessas ainda não cumpridas sobre criação de oportunidades econômicas e abertura de mercado.