Na terça-feira, 26 de novembro, o dólar alcançou o patamar mais alto da história desde o advento do plano Real. Embora o governo minimize a preocupação, os empresários estão atentos e apreensivos.
Na avaliação do advogado Marcelo Godke, professor do CEU Law School e mestre em Direito Empresarial pela Columbia University (EUA), quem exporta pode se beneficiar. “Esse é um lado positivo da alta do dólar”, afirma. Os resultados na balança comercial, no entanto, não têm se mostrado muito favoráveis. Também na terça (26) foi anunciado o déficit de 7,9 bilhões de dólares em transações correntes em outubro, o que levou o saldo dos últimos 12 meses a bater a marca de 3 pontos negativos do Produto Interno Bruto (PIB). O Banco Central (BC) projetava um déficit menor, de 5,8 bilhões. “O problema é que o Brasil exporta commodities, e importa tecnologia, que é mais cara”, comenta Godke.
Outro impacto direto da alta do dólar são os gastos dos brasileiros no exterior. “As operadoras que atuam com viagens internacionais perdem atividade. O efeito colateral disso pode ser bom para o Brasil, já que as pessoas passam a viajar mais para dentro do país”, ressalta Godke. Os dados corroboram com a avaliação do especialista: os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 1,506 bilhão em outubro deste ano, uma queda de 6,05% frente ao mesmo período de 2018. Esse foi o menor valor para os meses de outubro, desde 2016.
Essa semana, Paulo Guedes, ministro da Economia, comentou que é bom as pessoas se acostumarem com o dólar alto porque isto reflete a verdadeira condição do real como moeda internacional. Apesar da atuação do Banco Central (BC), o dólar voltou a subir e a fechou nesta quarta-feira (27) em nível recorde. A moeda norte-americana encerrou o dia vendida a R$ 4,259, com alta de R$ 0,019 (0,44%). Essa é a maior cotação de fechamento desde a criação do real em valores nominais, sem considerar a inflação. Com o resultado de hoje, o dólar acumula alta de 6,22% em novembro. Nas últimas semanas, o dólar tem subido em meio a questões políticas no Brasil e à continuidade das tensões comerciais entre Estados Unidos e China.