O corpo do apresentador Gugu Liberato, 60 anos, deverá chegar ao Brasil nesta quinta-feira, dia 28, no voo AD 8707 da companhia Azul, aterrissando no aeroporto de Viracopos, em Campinas, interior de São Paulo, às 6h05. No avião, estarão seus familiares, que acompanharam o caso desde o acidente doméstico que ele sofreu há uma semana, no dia 20 de novembro. Ele teve a morte cerebral decretada na sexta-feira, dia 22.
Já no Brasil, o corpo será levado para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), no Ibirapuera, onde ocorrerá o velório, a partir das 12h.O momento de despedida será parecido com o do apresentador Marcelo Rezende, também da RecordTV, que morreu em setembro de 2017, vítima de um câncer. O público poderá passar próximo ao caixão aberto onde estará o corpo e haverá um espaço reservado para aos familiares. O velório terminará às 10h de sexta-feira, dia 29, quando o corpo seguirá para o Cemitério Gethsêmani, no Morumbi, para ser sepultado no jazigo da família.
Em nota, a assessoria de imprensa do comunicador pediu que equipes da imprensa não acompanhem o transporte do corpo do aeroporto até a Alesp acrescentando que a família não falará com os jornalistas: “Estaremos transportando uma família completamente abalada e uma senhora de 90 anos, mãe de Gugu. Todos merecem enfrentar este duro momento com a devida privacidade, respeito e segurança”.
Um gesto que salva muitas vidas
A morte precoce do apresentador Gugu Liberato pode beneficiar até 50 pessoas com a autorização para a doação de seus órgãos, manifestada ainda em vida. Ele teve morte encefálica em decorrência de uma fratura na têmpora, que causou um sangramento no cérebro.
Além dos órgãos sólidos – coração, pulmões, pâncreas, fígado, intestino e rins –, também podem ser transplantados tecidos, como pele, válvulas cardíacas, ossos e cartilagens, elevando em dezenas o total de pacientes que ganhariam uma nova chance. A partir da confirmação da ausência de atividade cerebral, é possível dar início aos procedimentos para a retirada dos órgãos, se houver consentimento dos parentes. A idade – quanto mais jovem, melhor – e o estado geral de saúde do paciente são avaliados para determinar quais órgãos poderão ser aproveitados.
Gugu era saudável e teve um trauma agudo de crânio, o que configura a melhor situação para a doação. Com o rápido desfecho, os órgãos foram poupados de sofrimento, o que poderia ocorrer se o tempo de permanência na UTI, com a administração de medicamentos, se prolongasse. Outro fator determinante para o sucesso de um transplante é a logística, pois o tempo para a retirada e o implante desses órgãos é de até quatro horas.
O mais comum é o transplante dos órgãos sólidos. Rins, fígado e pulmões podem se destinar a mais de um receptor. Quando concordam com a doação, os familiares assinam uma autorização padrão para órgãos sólidos e córneas. Em separado, apresenta-se um documento referente à retirada de pele e ossos, que dependem da existência de um banco para o armazenamento e da disponibilidade de espaço.
Apesar de pouco conhecida, a doação de pele e ossos é comum. Uma pessoa que tem uma perda óssea significativa em um acidente, por exemplo, pode se favorecer. Também são aproveitadas as válvulas cardíacas mitral, tricúspide, aórtica e pulmonar (se o coração inteiro não for transplantado), ilhotas de pâncreas, cartilagens e tendões. A medula só pode ser retirada de doadores vivos. Cartilagens e ossos podem beneficiar várias pessoas. De um osso grande, um paciente pode precisar apenas de um pequeno pedaço para um enxerto. Daí vem o grande número de possíveis receptores.
O doador é submetido a procedimentos cirúrgicos que não desfiguram o corpo, uma preocupação recorrente entre os familiares. Primeiro são retirados os órgãos sólidos, depois pele e ossos. Estruturas de plástico são colocadas no lugar dos ossos maiores para servir de sustentação ao cadáver, não comprometendo a aparência. A pele costuma ser raspada em regiões como peito e coxas, que ficam cobertas pelas roupas.
Episódios de intensa comoção envolvendo artistas e celebridades, como a morte de Gugu Liberato, tem repercussão favorável sobre a conscientização da população quanto à importância de conversar sobre doação de órgãos e manifestar explicitamente o desejo de se tornar um doador. Fatos assim aumentam muito o número de doações, salvando muitas vidas.
Gugu manifestou para a família o seu desejo de ser um doador de órgãos, anos antes do fatídico acidente. Em mensagem divulgada por parentes pouco antes do procedimento, está registrado o desejo do apresentador de colocar em prática este gesto humanitário.