Um juiz federal deu ganho de causa a uma imigrante guatemalteca que processou o governo americano, identificada somente pelas iniciais J.P., por danos traumáticos consequentes da separação da sua filha adolescente na fronteira com o México. Na sentença, o juiz determinou que o governo preste assistência médica a milhares de pais e filhos que tenham tido experiências traumáticas por conta da política de separação familiar implantada pelo governo Trump. J.P. foi separada da filha na fronteira e passou mais de um mês sem saber do seu paradeiro e só conseguiram rever-se depois de 40 dias na cadeia.
A decisão, lavrada na terça-feira (5), marca uma rara ocasião em que o governo é responsabilizado por danos psicológicos causados pela sua política imigratória, tratando-se, no caso, das medidas de segurança na fronteira que aprisionaram milhares de pais e mães imigrantes enquanto seus filhos eram levados para abrigos distantes.
O juiz John A. Kronstadt, da U.S. District Court de Los Angeles, ordenou que o governo federal disponha imeditamente de recursos para cuidar e tratar da saúde mental das milhares de famílias separadas.
Na decisão, Kronstadt afirma que o governo Trump é responsável pelo sofrimento psicológico causado pela separação forçada das famílias imigrantes detidas na fronteira, sem dar garantias aos pais e mães sobre quando seriam reunidos aos seus filhos e filhas levados.
A separação de famílias foi uma peça-chave no esforço do governo Trump para deter as famílias migrantes que chegam em grande número e cruzam ilegalmente a fronteira sudoeste entre o México e os EUA. A maioria foge da pobreza crônica nos países centro-americanos e da violência rompante nas suas cidades.
A política de tolerância zero do governo Trump com respeito à imigração ilegal determinou que quem atravessasse a fronteira ilegalmente seria detido e permaneceria preso até a remoção, e que não poderiam ser acompanhados pelos filhos. Dados do governo revelam que cerca de 3 mil crianças foram separadas dos pais por causa dessa política. O presidente Trump suspendeu a ordem em junho de 2018, depois que um juiz federal de San Diego ordenou que o governo reunificasse as famílias separadas.
- Com informações do The New York Times.