O Brasil está estampado nos principais jornais e sites do mundo nesta quarta-feira (5), depois da publicação em uma das revistas mais importantes do meio científico ‘The Lancet’, sobre o sucesso do nascimento de um bebê gerado dentro de um útero transplantado de doadora falecida.
O bebê é uma menina paulistana prestes a completar 1 ano de idade é a primeira criança, no mundo, gestada por uma mãe que recebeu um útero de uma doadora falecida. O procedimento de sucesso ainda único no planeta foi realizado por uma equipe do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo no ano passado.
Foi a primeira vez, após uma dezena de tentativas fracassadas nos Estados Unidos, República Tcheca e Turquia, que um transplante de útero a partir de uma doadora morta permitiu um nascimento. O procedimento foi realizado em 2016, mas ganhou os holofotes após a publicação de tão importante revista do segmento.
Desde a primeira doação de útero a partir de uma mulher com vida, em 2013, na Suécia, foram realizados 39 transplantes, dos quais 11 permitiram dar à luz.
“O recurso a doadoras falecidas poderá ampliar consideravelmente o acesso a este tratamento” por parte das “mulheres que sofrem esterilidade de origem uterina”, declarou o médico Dani Ejzenberg, que dirigiu o procedimento no Hospital Universitário de São Paulo.
Entenda o caso
A operação foi realizada em setembro de 2016. A mulher que recebeu o útero tinha 32 anos e nasceu sem o órgão (síndrome de Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser). Antes do transplante, se submeteu a uma fecundação in vitro (FIV).
O útero foi retirado de uma mulher de 45 anos morta por um derrame cerebral e doadora de vários outros órgãos (coração, fígado e rins). A operação durou dez horas e trinta minutos e foi seguida por um tratamento imunossupressor para evitar a rejeição.
Cinco meses após o transplante, a mulher teve a primeira menstruação normal e dois meses depois, com a transferência do embrião, engravidou.
A gravidez transcorreu sem dificuldades e o bebê nasceu – de cesariana – após 36 semanas de gestação, no dia 15 de dezembro de 2017, em estado ligeiramente prematuro, mas considerado oportuno pelos médicos para se evitar complicações. O bebê pesava então 2,550 quilos e estava em perfeito estado de saúde. O útero foi retirado durante a cesariana para permitir a suspensão do tratamento imunossupressor. A criança e a mãe tiveram alta em apenas três dias.
Os autores do estudo destacam que o transplante de útero post mortem pode abrir novas possibilidades, já que em muitos países já há regulamentação sobre este tipo de doação. (Com informações do G1 e UOL).