A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, foi morta na segunda-feira (23) no sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina. Segundo Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), Raynéia morreu após ser atingida por tiros disparados por “um grupo de paramilitares”. A morte foi confirmada pelo Itamaraty nesta terça-feira (24). As informações são do G1.
Em declarações ao canal 12 da televisão local, o reitor afirmou que a estudante do sexto ano morreu com “um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado”.
Nesta terça, a Polícia Nacional negou a versão do reitor. “Um vigilante de segurança privada, em circunstâncias ainda não determinadas, realizou disparos com arma de fogo, um dos quais a impactou e causou ferimentos”, informou a Polícia Nacional, que não identificou o autor dos tiros.
O assassinato de Raynéia ocorre durante uma crise sociopolítica no país, com manifestações contra o presidente Daniel Ortega – que está no poder desde 2007 em meio a acusações de abuso e corrupção. De acordo com a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas já morreram, entre elas, muitos estudantes.
O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, classificou a morte como uma “situação trágica “. Em nota, o Itamaraty afirmou que busca esclarecimentos junto o governo nicaraguense.
Mãe de Raynéia, a aposentada Maria Costa afirma ter falado pela última vez com a filha na manhã da segunda (23). “Ela me disse que estava indo para o plantão e me dizia sempre que lá estava muito perigoso, que ninguém estava saindo na rua. Hoje de manhã, o ex-sogro me ligou dizendo o que tinha acontecido”, contou ao G1.
No país desde 2013, a pernambucana se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe. “Ela tinha acabado a faculdade e estava fazendo residência. Estava indo para o plantão quando falou comigo, era uma moça estudiosa e esforçada”, lamentou a mãe. “Tiraram da rua o carro em que ela estava quando foi baleada. Eu quero que quem matou a minha filha seja punido. Seja o presidente, seja quem for”, disse Maria Costa.