Antonio Tozzi Esportes

Seleção Brasileira: partiu Catar 2022

A Seleção Brasileira deixou aquele gosto amargo na boca dos torcedores mais fanáticos. De fato, nossa equipe jogou muito menos do que pode e se esperava na Rússia. Por isto, foi desclassificada pela Bélgica ao ser derrotada por 2 a 1 nas quartas de final. Ou seja, do ponto de vista de resultado final, acabamos ficando em 6º lugar entre os 32 participantes – pior colocação do que aquela registrada no Brasil, onde a equipe dirigida por Felipão terminou em 4º lugar – carregando, no entanto, o estigma dos 7 a 1 diante da Alemanha na semifinal.

Agora, com a seleção desmontada, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) já se prepara para a próxima Copa do Mundo, prevista para o Catar em 2022. O primeiro passo, é claro, é constituir a nova Comissão Técnica. Ao que parece, Tite deverá continuar à frente do escrete canarinho. Os dirigentes acreditam que ele fez um bom trabalho e merece nova oportunidade. Por seu lado, Tite também está inclinado a renovar o contrato e se concentrar na tarefa de tentar o Hexa no Oriente Médio.

Vamos aos fatos. A Comissão Técnica da Seleção Brasileira fez um bom trabalho? Podemos dividir esta análise em duas etapas. Na primeira delas, durante as Eliminatórias, ele fez um bom trabalho. O Brasil patinava na competição e estava até mesmo ameaçado de não se classificar para a Copa do Mundo da Rússia quando a CBF demitiu Dunga e Tite assumiu seu posto. Dos 12 jogos restantes, a Seleção Brasileira venceu dez e empatou dois, classificando-se em primeiro lugar com muita folga. O saldo é bastante positivo. Dos 26 jogos da Seleção Brasileira sob seu comando, a equipe venceu 20, empatou 4 e perdeu 2 – um amistoso para a Argentina por 1 a 0 e a derrota para a Bélgica que custou a eliminação.

Isso nos leva a analisar a segunda fase de Tite e sua Comissão Técnica. A Seleção Brasileira chegou à Rússia com status de favorita. Afinal, os números falavam por si. Além do mais, ele havia encontrado um bom balanço para sua equipe – e tinha o craque Neymar como cereja do bolo. Entretanto, em terras russas, as coisas não funcionaram como ele e os torcedores esperavam. Na partida de estreia, um empate com a Suíça frustrou o entusiasmo da torcida. É bem verdade que a Suíça ocupava na ocasião o 6º lugar no ranking da Fifa e era uma seleção bem montada. O pior nem foi o resultado em si, mas, sim, a ausência de um futebol mais envolvente – e contundente.

O sofrimento para derrotar a fraca e envelhecida seleção da Costa Rica deu a exata dimensão de que o Brasil não apresentava o mesmo brilho visto – e elogiado – na época das Eliminatórias. A vitória tranquila sobre a Sérvia que valeu o 1º lugar do Grupo E, no entanto, voltou alimentar esperanças. Na fase das oitavas de final, bateu México por 2 a 0, porém, passou sufoco na primeira meia hora de jogo. E a despedida ocorreu contra a Bélgica, novamente por causa de um mau primeiro tempo.

Os erros de Tite e da Comissão Técnica foram postos a nu. Como todo treinador, ele tem seu grupo formado – e confia em seus jogadores. O erro primordial deu-se na convocação. Foram chamados jogadores com problemas físicos e insistiu-se com eles, quando o correto deveria ter sido o corte e a consequente convocação de um substituto. O Brasil é um dos poucos países onde é possível encontrar um reserva à altura do titular. Portanto, houve um erro de avaliação neste caso.

Sobre os convocados, acho que a Seleção Brasileira levou 90% daqueles que estariam em qualquer lista. Todavia, a maioria dos jogadores rendeu menos do que o esperado. Para dizer a verdade, somente a zaga jogou um futebol de alto nível.

Goleiros

Allison – Embora não tivesse falhado em nenhum dos gols sofridos na derrota para a Bélgica, não teve reflexo no gol de empate assinalado por Zuber. Afinal, bola na pequena área tem de ser do goleiro. A seu favor, tem o fato de o gol ter sido irregular. Ederson e Cássio não foram testados.

Zagueiros

Danilo e Fagner não foram bem. Danilo demonstrou timidez e acabou perdendo a posição para o lateral corintiano que não estava comprometendo até ser completamente envolvido por Hazard no jogo contra a Bélgica.

Marcelo e Felipe Luiz. Do lado esquerdo, Marcelo não conseguiu ser o mesmo lateral efetivo do Real Madrid e falhou no segundo gol belga. Seu substituto fez atuações corretas quando entrou na equipe. Talvez devesse ter sido mantido no jogo decisivo.

Thiago Silva e Miranda. O miolo de zaga da Seleção Brasileira foi a melhor coisa da equipe. Seguros, eficientes e com direito a um gol marcado por Thiago. Marquinhos e Geromel não entraram em campo.

Meiocampistas

Casemiro, Fernandinho e Fred. Os volantes defensivos tiveram atuações distintas. O volante do Real Madrid demonstrou ser um dos melhores na posição. Seu desfalque contra Bélgica foi bastante sentido. Deve ser criticado por não ter tido a cautela de evitar o segundo cartão amarelo. Fred não jogou, nada a falar. Fernandinho, no entanto, foi muito mal na partida. Além de ter feito um gol contra, não soube como parar Lukaku, autor do passe para De Bruyne fuzilar Allison.

Paulinho, Renato Augusto, Philippe Coutinho. Os meias brasileiros tiveram altos e baixos. Paulinho, homem de confiança de Tite, teve uma Copa do Mundo para esquecer. De positivo, apenas o gol marcado contra a Sérvia ao aproveitar um excelente passe de Coutinho. Por falar em Coutinho, seu futebol foi esfuziante nas duas primeiras partidas, mas foi se esmaecendo até definhar no final.

Atacantes

William, Gabriel Jesus, Douglas Costa, Taison, Firmino, Neymar. Douglas Costa foi uma grata surpresa. Porém, por estar lesionado, não rendeu tudo que podia. Firmino pintou bem, mas foi pouco utilizado por Tite. Taison simplesmente ficou sentado no banco de reservas o tempo todo. William jogou bem menos do que faz no Chelsea, onde é parceiro constante de Hazard. Salvou-se apenas pelo segundo tempo contra o México. Gabriel Jesus acabou virando Gabriel Jejum por ter sido o camisa 9 da Seleção Brasileira que não marcou nenhum gol. Sua manutenção no time titular rendeu muitas críticas a Tite, que exaltou sua obediência tática. Mas o torcedor quer ver mesmo atacante marcando gols. Por fim, Neymar. O craque da equipe ficou devendo. Muita gente apostou que a Copa do Mundo seria o tira-teima entre Messi, Cristiano Ronaldo e Neymar para apontar o Bola de Ouro da temporada 2017/2018. Nenhum dos três brilhou, e o brasileiro ainda saiu da Copa do Mundo com sua imagem ridicularizada pelas constantes quedas e por rolar no gramado. Claro que ele foi o jogador mais caçado durante o torneio, mas faltou um melhor aconselhamento para ele deixar de atrair atenção por suas ações dentro e fora do campo (como corte de cabelo exótico, etc.) e se concentrar mais no jogo coletivo. Agora, ele precisa rever seus conceitos e mostrar que é craque de bola para reconquistar o carisma perdido.

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