DA REDAÇÃO, COM AGÊNCIA BRASIL – Foi encerrada a busca pelos brasileiros que desapareceram nas Bahamas em novembro do ano passado. Um grupo de 19 imigrantes (entre brasileiros, dominicanos e cubanos) desapareceu depois de uma tentativa de travessia marítima ilegal das Bahamas para os Estados Unidos. Um ano depois, o caso continua sem resposta definitiva.
Em audiência pública realizada na terça-feira (5) na Câmara dos Deputados, a diretora do Departamento Consular e de Brasileiros no Exterior, Maria Luiza da Silva, afirmou que a conclusão das investigações depende de órgãos estrangeiros, que em algum momento também vão considerar as buscas como encerradas. “Nosso trabalho é de apoio, de suporte, não é direto. Esse é o grande desafio que nós temos, porque muitas vezes as investigações vão depender de órgãos estrangeiros”, disse a ministra.
O Itamaraty esclarece que todos os instrumentos legais e diplomáticos foram acionados na tentativa de resolução do caso e que não é responsável por determinar isoladamente o encerramento das investigações criminais, que são empreendidas por um conjunto de instituições.
Em setembro deste ano, uma comitiva de deputados viajou para a região em busca de informações adicionais sobre o caso. A missão não encontrou informações diferentes das que haviam sido divulgadas até então e que apontam para a hipótese de naufrágio. As autoridades locais relataram aos deputados brasileiros que não havia nenhum sinal de prisão irregular, latrocínio ou outro crime cometido contra as vítimas e não comprovaram nenhum esforço em investigar os traficantes de pessoas que atuam na região.
O delegado da Polícia Federal responsável pela operação, Raphael Baggio de Luca, afirmou na audiência que o departamento da corporação em Rondônia continua com as investigações em busca de provas ligadas aos coiotes que atuam no Brasil. A PF está focada nos crimes correlatos ao caso do desaparecimento, como estelionato e organização criminosa.
O delegado fez um apelo para que as pessoas não ingressem nesse tipo de travessia, pois apresenta muitos riscos. Ele destacou que mesmo depois da grande repercussão do desaparecimento do grupo, ainda há migrantes insistindo em seguir na mesma rota para tentar entrar nos Estados Unidos.
Outro desaparecido
Entre os desaparecidos estão imigrantes dos estados de Minas Gerais, Rondônia, do Pará e Tocantins. Vários parentes de desparecidos participaram da audiência, inclusive a mãe de um jovem de Goiânia, que está desaparecido desde agosto deste ano, depois de integrar outro grupo que tentava a travessia ilegal pelas Bahamas.
Idalira Alvez Souza de Jesus conta que seu filho, Maikon Eder Alves de Jesus, de 23 anos, fez o último contato com a família em 3 de agosto, quando afirmou que ele e mais seis migrantes embarcariam em breve para Miami. Depois de ter seu pedido de visto negado por duas vezes, o jovem contratou um coiote de Minas Gerais com o objetivo de ingressar nos Estados Unidos para trabalhar.
Os parentes só entraram em contato com o setor consular do Itamaraty no final de setembro. Emocionada, Idalira contou que o rapaz não sabia do caso dos desaparecidos de novembro de 2016 e que ele afirmava que o único risco da viagem era a possibilidade de ser deportado. Apesar de estar há quatro meses sem notícia do filho, a mãe diz que ainda tem esperança. “Eu sei que vou encontrar meu filho com vida.”