Enquanto Brasília arde em chamas e a saraivada de denúncias acerca dos abusos de Trump alimentam o noticiário em Washington, fica patente o grau de ansiedade social. Reflexo claro da característica mais evidente da nova geração de milenials. A juventude não tem paciência, detesta burocracia e não tem tempo para se aprofundar em argumentos. Neste cenário, a massa não quer esperar quatro anos para substituir Trump e nem aguardar interpretações jurídicas da constituição para depor Temer. Julgamentos de caráter ficam para os revisionismos da história. No entender da juventude impaciente, todo o poder emana do povo e danem-se as regras.
Ao inventar a democracia, os sábios gregos não puderam prever que no futuro haveria uma geração pragmática que pudesse levar os conceitos básicos do sistema ao extremo. Tanto as ideologias de direita quanto as de esquerda levam em conta que a massa deve ser controlada e por isso, logo após o enunciado de suas propostas vem as regras de representatividade e o jurisdiquês. Mas isso não tem mais valor.
Os milenials precisam absorver tudo rapidamente, sua inteligência é imaginética. Suas demandas foram aos poucos conquistando espaços. Primeiro foi no ambiente de trabalho. Empresas tiveram que amoldar suas jornadas em torno das necessidades de seus funcionários, que não aceitam formalidades. As artes reformularam seus conteúdos para se enquadrar no mercado de consumo. Se uma música não apresenta o refrão em 8 segundos então não faz sucesso, por exemplo. Longos textos em jornais são substituídos por legendas nas fotos, eles não precisam de contextualizações. A internet, seu maior canal de expressão é também sua principal fonte de informação e conhecimento.
A política, enfim, é a última fronteira a ser testada. Pelo visto, muito se estudou, mas nada se aprendeu com a primavera árabe, quando da noite para o dia se depuseram ditadores. Os milenials davam o primeiro sinal de pressa.
No Ocidente não poderia ser diferente e o inimigo aqui é a intransigência. Na visão dessa geração, isso também é uma forma de ditadura e a juventude quer ver consistência.
Deflagrada mais esta revolução, resta dar à César o que é de César. A receita é simples, basta ser consistente e pragmático para se conquistar essa nova leva de cidadãos. O político só precisa ser honesto, claro e objetivo no desempenho de suas tarefas e entregar somente o que se propôs ao ser eleito. Se Trump se concentrasse somente em fazer seu muro talvez não estivesse tão encalacrado agora. Se Temer saísse de cena tão rapidamente quanto entrou, talvez pudesse vislumbrar algum futuro político.
O recado aos políticos e assumidas autoridades está dado: De nada adianta tentar convencer a nova geração de que estes estão equivocados, eles carregam nos bolsos uma arma poderosa, capaz de checar em instantes todas suas inconsistências. A derrocada é inevitável e sair de cena é o mais sensato. Aos que vierem depois, melhor ficarem atentos e não se sentirem confortáveis. O ritmo da História agora é acelerado.