Os intelectuais destacam as vantagens econômicas para os EUA com uma reforma imigratória abrangente.
Mais de 500 economistas, acadêmicos e prêmios Nobel dos EUA e do exterior pediram, em uma carta ao Congresso e ao presidente George W. Bush divulgada nesta terça-feira(28), uma reforma imigratória integral pelos benefícios que traz à economia.
Na “carta aberta”, divulgada pelo Instituto Independente, um centro de análise política estabelecido na Califórnia, os signatários lembraram ao Congresso dos EUA e ao presidente Bush que a imigração é “o melhor programa já criado para combater a pobreza”.
A imigração não só beneficia os estrangeiros que buscam uma vida melhor nos EUA, como também lhes permite “enviar milhões de dólares de seu próprio bolso a seus países de origem, uma forma de ajuda externa verdadeiramente eficaz”, enfatizou a carta, com data de 19 de junho passado.
Imigração ajuda EUA economicamente – Os signatários lamentam que o debate imigratório nos Estados Unidos, particularmente os fundamentos econômicos sobre o assunto, seja contaminado por “comentários enganosos”.
Para começar, os imigrantes não roubam os postos de trabalho dos norte-americanos, porque a economia dos EUA é capaz de criar suficientes empregos para cubrir a demanda trabalhista “sempre que os mercados trabalhistas permaneçam livres, flexíveis e abertos a todos os trabalhadores de forma equitativa”, assinalaram.
Benjamin Powell, membro do Instituto Independente, disse que os temores pela perda de trabalhos por culpa dos imigrantes clandestinos “não têm fundamento” e “a maioria dos trabalhadores não verão seus salários afetados”.
Embora alguns norte-americanos possam ser prejudicados pela imigração, a grande maioria da população se beneficia das contribuições dos imigrantes para a economia, incluindo a queda dos preços ao consumidor, acrescentaram. “O impacto de toda a imigração nos trabalhadores de baixa capacitação é positivo, pois muitos imigrantes levam para a economia norte-americana suas capacidades, capital e iniciativa”, destacaram os signatários.
Medidas justas – Em clara alusão aos conservadores que promovem medidas anti-imigrantes, a carta indicou que as preocupações pelo impacto da imigração nas camadas pobres da sociedade não se resolvem com medidas punitivas contra os imigrantes, que são ainda mais pobres. Em vez de atacar os imigrantes, “devemos promover políticas como melhorar o sistema educacional, que permitam aos norte-americanos ser mais produtivos”, indicaram os especialistas.
A maioria dos signatários americanos é formada por economistas e acadêmicos de prestigiosas universidades, entre elas Harvard, Loyola, Princeton, Universidade da Califórnia em Berkeley e a Universidade de Chicago. Entre os estrangeiros figuram economistas e especialistas da Guatemala, México, Uruguai, Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Inglaterra, Itália e Suécia, entre outros países.
A carta, colocada na página da internet “www.independent.org”, está sendo divulgada no momento em que as duas Câmaras do Congresso não conseguem entrar em consenso sobre o texto final de um projeto de lei da reforma imigratória.
A versão aprovada pelo Senado, similar ao plano promovido pela Casa Branca, inclui um programa de trabalhadores temporários e uma via para a eventual legalização de boa parte dos cerca de doze milhões de imigrantes indocumentados.
A legislação aprovada pela Câmara de Deputados inclui, assim como a do Senado, medidas para fortalecer a segurança fronteiriça, mas exclui alívios imigratórios para os indocumentados.