Esportes

Maratonista brasileiro dá lição de superação

Gaúcho de Santana do Livramento chegou em terceiro lugar geral na Maratona de Miami

DA REDAÇÃO – A canção Chariots of Fire pode muito bem servir como tema de fundo para ilustrar a luta de Marcos Rogério Costa Dias, gaúcho de Santana do Livramento, cidade que faz fronteira com Rivera, no Uruguai. Sua persistência é uma lição de vida para as pessoas que desejam conquistar seu espaço.

Frentista em um posto de combustível, Marcos tomou gosto pelas corridas. Começou correndo médias distâncias e se tornou meio-fundista, especialista em provas de 1.500 e 3.000 metros. Embora tenha feito bons resultados, ele não sentiu muito apoio e decidiu mudar de categoria. Em 2014, foi terceiro colocado na Meia Maratona de Jerusalém. A partir daí, optou por deixar o emprego e assumir sua carreira como atleta.

“Há quinze meses, larguei o emprego e fui em busca do meu sonho. Já tenho dois patrocinadores (Supermercado Righi, de Santana do Livramento, e Barão Free Shopping, de Rivera), que me ajudam a pagar as contas porque sou casado e tenho dois filhos. Quando há alguma prova internacional, faço trufas para vender, promovo rifas e a comunidade local me apóia bastante”, afirma o atleta filiado ao Sogipa, clube de Porto Alegre.

Usando esse recurso, conseguiu angariar o dinheiro necessário para se inscrever e pagar a passagem para a Flórida, onde participou da Maratona de Miami. Ironicamente, a prova foi realizada em um dia frio e chuvoso totalmente atípico para a cidade. Ele conseguiu entrar na segunda largada e obteve um resultado surpreendente: 3º colocado geral!

Marcos Dias faz questão de elogiar o apoio recebido por pessoas conhecidas e até mesmo por anônimos, como foi o caso do casal Vetorelli. “Esta família nem me conhecia e me deu todo suporte. Como não falo inglês, eles me ajudaram bastante. Com isto, pude me concentrar nos treinamentos e fiz uma boa prova, completando o percurso de 42 quilômetros e 195 metros em 2 horas e 39 minutos. O desempenho poderia ter sido melhor se não estivesse chovendo e ventando tanto”, avalia o maratonista. O percurso da prova abrangeu Downtown, Brickell, Coconut Grove e parte de Miami Beach.

Lisandra Vetorelli, corretora de imóveis em Miami e natural de Porto Alegre, e seu marido foram os bons samaritanos que deram a mão ao Marcos Dias. “Ele estava hospedado em um hotel em South Beach, mas o local era muito barulhento. Aí, o pessoal do Consulado Geral do Brasil em Miami conseguiu transferi-lo para uma casa em um local mais tranquilo, onde podia treinar. E conseguimos que ele largasse no segundo pelotão em vez de estar no meio de 30 mil pessoas, o que prejudicaria seu desempenho”, afirmou a moradora de Aventura.

Com a boa colocação na Maratona de Miami e com a vitória na prova de Barcelona, Marcos Dias está entusiasmado porque deve ser reconhecido como atleta de ponta, permitindo, assim, largar no pelotão de elite. Atualmente, vem treinando com o técnico que trabalha com os quenianos que competem na Corrida de São Silveste quando vão ao Brasil. A equipe Luasa é a responsável pelo treinamento do maratonista, que segue os treinamentos através de um aplicativo, porque a sede da Luasa fica em Taubaté, interior de São Paulo.

Em março, disputará a Maratona de Jerusalém em março deste ano. “Agora, voltarei para lá com grandes chances de vitória. Minha esperança é chegar em primeiro e ficar com o prêmio principal, que é um carro”, vibra o maratonista que venceu até mesmo a hipotermia sofrida na prova de Miami. Com esta determinação, quem pode duvidar disto. ν

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