O cenário em Vitória (ES) e de algumas cidades do entorno é de cidade fantasma. Escolas e lojas fechadas, a população com medo de sair às ruas e a normalidade prometida com a chegada do Exército à cidade ainda não chegou. Há quatro dias sem policiamento nas ruas, já foram confirmadas 10 mortes violentas na última noite, totalizando 75 homicídios nos últimos quatro dias.
Segundo informações do jornal O GLOBO, também durante a madrugada, 24 pessoas foram presas em flagrante pelos crimes de roubo, furto e tráfico de drogas. Ninguém foi preso por homicídio. A secretaria estadual de Segurança não confirma, por ora, os números. Sem a Polícia Militar na rua, os flagrantes foram feitos por policiais civis da delegacia de plantão judiciário, acionados por guardas municipais.
Como o Departamento Médico-Legal (DML) está com as geladeiras lotadas, os corpos de vítimas de homicídio passaram a ser levados, na noite de segunda-feira, para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO), unidade da secretaria de Saúde que recebe os mortos por causa natural. Na manhã desta terça-feira, um carro do DML foi à unidade resgatar corpos para a unidade médico-legal.
Nesta terça-feira (7), a situação no DML era mais tranquila do que na segunda-feira, quando, por causa da lotação, corpos ficaram jogados nos corredores da unidade. Ao longo do plantão noturno, alguns corpos foram liberados, abrindo espaço para o recebimento das vítimas de violência desta madrugada. Por volta das 9h, apenas duas famílias aguardavam para identificar vítimas e iniciar os procedimentos de enterro.
Com medo da violência, e também pela dificuldade de se locomover na cidade – os ônibus só voltaram a circular pouco antes das 10h desta terça -, muitas famílias de pessoas mortas nos últimos dias ainda não foram ao DML reconhecer os parentes.
Os 200 homens da Força Nacional de Segurança chegaram na madrugada em Vitória, mas ainda não foram às ruas, o que deve acontecer ao longo do dia. Por enquanto, há apenas homens do Exército nas principais vias.
O caos se instalou desde a noite de sábado (4) quando a PM parou de patrulhar as ruas e os parentes dos militares bloquearam a saída dos quarteis reivindicando melhores salários e condições de trabalho.