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Equipe de Trump pede ao Homeland Security que passe dados sobre imigrantes irregulares no país

Entre as informações estão nomes, endereços e telefones de mais de 700 mil imigrantes beneficiados pelo DACA, programa que protege pessoas que chegaram ainda crianças nos EUA, que o presidente eleito prometeu revogar

DA REDAÇÃO, COM REUTERS – A equipe de transição do presidente eleito Donald Trump pediu ao departamento de Homeland Security que passe documentos com informações biográficas de imigrantes irregulares no país, revelou uma reportagem da Reuters divulgada na terça-feira (3).

A matéria diz que a equipe de Trump pediu em dezembro uma cópia de todas as ordens executivas e memorandos relacionados à imigração, que incluem a medida conhecida como DACA (Deferred Action for Childhood Arrivals), assinada em 2012, que protege da deportação e fornece autorizações de trabalho temporárias para pessoas em situação irregular que chegaram ainda crianças aos Estados Unidos.

Segundo a Reuters, a equipe de transição “perguntou se os funcionários públicos federais alteraram as informações biográficas mantidas pelo departamento sobre imigrantes por conta de uma preocupação com suas liberdades civis”, o que foi interpretado pelo DHS como um dúvida da equipe do presidente eleito sobre qualquer alteração nos dados relativos ao DACA.

A equipe de transição também fez perguntas à repartição quanto a detenções e sobre o programa de vigilância aérea chamado de Operation Phalanx, que os conservadores dizem ter retrocedido pelo presidente Obama. A iniciativa, autorizada pelo presidente em 2010, foi criada para interceptar o tráfico de drogas e reprimir a migração na fronteira sul.

Os imigrantes irregulares têm razões para se preocuparem com os pedidos da equipe de transição referentes às medidas de Obama que lhes favoreceram. Os memorandos recomendavam aos agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE) que fossem seletivos na perseguição aos irregulares e mais flexíveis quanto a certos imigrantes presos aguardando a deportação. Um exemplo é o “Morton Memo”, de 2011, que recomendava aos agentes levarem em conta se o imigrantes estava no país há muito tempo, se chegou  muito jovem ou se tem antecedentes criminais, na hora de aplicar a lei.

Os beneficiados pelo DACA, em particular, são os que mais podem sofrer com o pedido da equipe de transição. Os arquivos contêm dados como endereço, telefone, fotografia, peso e altura, informações que podem ser usadas para uma futura busca e deportação dos beneficiados, e inclusive de seus familiares.

Os imigrantes estão em estado de alerta desde a eleição de Trump, preocupados com o cumprimento das duras promessas anti-imigrantes feitas pelo presidente eleito durante a campanha, entre elas a construção de um muro em toda fronteira sul do país, a deportação de dois ou três milhões de pessoas “criminosas” a partir do primeiro dia de governo, a revogação do DACA e aumento das detenções.

Preocupados com o que pode acontecer com as 741 mil pessoas beneficiadas pelo DACA, mais de 50 parlamentares Democratas rogaram ao presidente que assine um perdão para eles. A Casa Branca rejeitou o pedido, justificando que o perdão não trará nenhum status legal para eles.

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