Um relatório do Southern Poverty Law Center sobre as condições de tratamento dadas a imigrantes irregulares presos por razões imigratórias trouxe conclusões alarmantes.
Enquanto esperam uma decisão sobre seus casos nas cortes imigratórias, os imigrantes não têm direito a banho de sol, comida saudável ou atendimento médico, diz o estudo, feito com cerca de 300 detentos em prisões do sul do país.
A maioria dos detentos é de imigrantes em situação irregular que buscam asilo nos Estados Unidos. Os pesquisadores entrevistaram detentos, vasculharam documentos e tomaram testemunhos de tratamentos médicos inadequados, falta de apoio legal, tratamento abusivo e comida contaminada.
“O Sul tem sido uma espécie de buraco-negro do sistema”, disse Lisa Grabyll, sub-diretora do instituto de pesquisas legais, ao website al.com, do Alabama. “Muitos imigrantes são presos na costa oeste e na costa leste para depois serem mandados para o Sul”.
Frequentemente, eles são levados para centros distantes da família e de recursos legais, diz Grabyll. O número de advogados de imigração me Gadsden [cidade do Alabama], por exemplo, é muito menor que em New York, diz a pesquisadora.
Há muito que advogados e defensores da causa imigrante vêm denunciando as más condições nos centros do sul do país.
Em alguns casos, as condições parecem ter contribuído para a morte de imigrantes detidos, como a da Etíope Teka Gulema, presa desde 2012 e que pegou uma infecção que a deixou paralisada do pescoço para baixo. Ela morreu em janeiro de 2016, pouco depois de ter sido liberada pelo ICE, após ter entrado em coma, segundo o relatório. Como a morte ocorreu fora da custódia do ICE, nenhuma investigação foi aberta.
O condado de Etowah cobra $45 por dia das autoridades federais para manter os imigrantes que esperam julgamento ou deportação em suas cadeias – menos que qualquer outro centro de detenção no país. Por isso o centro tem sido o mais procurado para abrigar imigrantes detidos por agentes federais.
Segundo o relatório, os centros de detenção sulistas abrigam um sexto dos imigrantes detidos no país. As cortes imigratórias da região raramente prestam assessoria legal para detentos que aguardam a deportação. Diferente de réus criminais, que têm direito à representação legal em corte, os detentos por infração imigratória não podem contar com advogados que lhes orientem pelo complicado sistema imigratório legal.
Os detentos do Etowah County Detention Center passam a maior parte do tempo encarcerados, às vezes por mais de um ano. O centro não tem área externa recreativa, por isso as pessoas passam por longos períodos sem ver o sol ou ao ar livre, diz o relatório.
O centro fornece pouco ou nenhum acesso a informações legais, diz o estudo. Um detento entrevistado disse que era americano de Porto Rico, mas estava preso há três anos sem possibilidade de prová-lo.
O centro não retornou o pedido de comentário do al.com.