Da Redação com G1
O cantor e compositor americano Bob Dylan, de 75 anos, foi anunciado nesta quinta-feira (13) o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 2016. A escolha de um músico e não de um escritor é uma surpresa. O nome de Dylan foi divulgado em um evento no salão da Bolsa da cidade de Estocolmo, na Suécia. Além do título, Dylan, que é considerado um dos maiores nomes da música do século XX, receberá 8 milhões de coras suecas (cerca de $800 mil).
Reconhecendo que o Nobel para Dylan pode parecer surpreendente, a secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius, declarou que ele foi escolhido “por criar uma nova expressão poética na tradicional canção americana”. O artista é aclamado justamente pelo lirismo de suas letras.
A academia citou ainda que “Dylan tem o status de um ícone” e que “sua influência na música contemporânea é profunda”. “Ele é provavelmente o maior poeta vivo”, declarou Per Wastberg, membro da instituição.
A nota biográfica do prêmio afirma que “Dylan gravou um grande número de álbuns que giram em torno de temas como a condição humana, religião, política e amor”. Dentre os clássicos compostos por ele, estão “Blowin’ in the wind”, “Subterranean homesick blues”, “Mr. tambourine man” e “Like a rolling stone”.
Carreira literária
Tanto na música como na literatura, Bob Dylan foi fortemente influenciado pela geração beatnik e pelos poetas modernos americanos. Ao longo de uma carreira que já dura mais de 50 anos, lançou diversos livros (veja lista abaixo). “Como artista, foi altamente versátil e trabalhou como pintor, ator e autor de roteiros”, lembrou a Academia Suécia ao fazer o anúncio.
Embora seja reconhecido primeiramente como músico, e não como escritor, Dylan era cotado havia muitos anos para o Nobel de Literatura. Mas não estava entre os primeiros colocados nas bolsas de aposta para este ano. Os favoritos eram o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, o japonês Haruki Murakami e o poeta sírio Adonis. Dylan é o primeiro americano a vencer o Nobel de literatura desde Toni Morrison, em 1993.
Na entrevista coletiva que deu após o anúncio, a secretária da Academia Sueca admitiu que a escolha do nome de Dylan pode parecer surpreendente e comparou a obra do novo Nobel à dos poetas gregos Homero e Safo. “Eles escreveram textos poéticos que foram feitos para serem ouvidos, declamados, muitas vezes com instrumentos [musicais], do mesmo jeito que Bob Dylan. Nós ainda lemos Homero e Safo, e nós apreciamos”, disse Sara Danius.
O primeiro livro lançado por Dylan foi a coletânea de poesias experimentais “Tarantula”, de 1971. Dois anos mais tarde, saiu “Writings and drawings”, em que havia textos e desenhos. Ele é autor ainda do best-seller autobiográfico “Chronicles : Volume One.”, de 2004. A ideia inicial é que autobiografia teria outras duas continuações, que ainda não chegaram a ser editadas.
Perfil
Nascido Robert Allen Zimmerman em 24 de maio de 1941, em Duluth, Minnesota, nos Estados Unidos, Bob Dylan cresceu em uma família judaica de classe média em uma cidade mineradora. Na adolescência, tocou em diversas bandas, dedicando-se à tradição da música americana, especialmente ao folk e ao blues. Um de seus ídolos era o Woody Guthrie, um dos maiores nomes do folk.