O brasileiro preso em Connecticut acusado de ter matado a própria filha no Dia dos Pais disse que esperava ver a filha “no inferno” enquanto disparava contra o rosto da moça de 19 anos, disseram os investigadores que cuidam do caso.
O caso de Walter Gomes da Silva, de 45 anos, está chamando a atenção da opinião pública americana, não somente pela crueldade do crime, mas também porque apesar de ter sido deportado duas vezes ele conseguiu retornar aos Estados Unidos e viver ilegalmente no país.
“É perturbador saber que ele foi deportado duas vezes e conseguiu voltar depois disso”, disse o promotor público de Thomas M Quinn III, do distrito de Bristol, ao jornal The Boston Globe. O brasileiro, com a expressão “kiss my ass” (dane-se) tatuada no pescoço, apareceu sorrindo no Tribunal na semana passada e alegou inocência diante do juiz. “São circunstâncias muito preocupantes – um pai acusado de matar sua filha adolescente. Vamos ver no que vai dar”, disse Quinn III.
Walter foi deportado em 1999 e retornou ilegalmente ao país em data desconhecida. Em 2002, ele foi condenado por tentativa de homicídio, por tentar matar a própria esposa, de acordo com o Immigration and Customs Enforcement (ICE). Walter foi solto em 2012, depois de cumprir pena de dez anos, e em seguida deportado.
A polícia encontrou o corpo de Sabrina da Silva caído no estacionamento do seu condomínio na noite de 3 de julho, em New Bedford. O corpo estava cercado por cápsulas de balas 9mm deflagradas e pelas compras que ela havia acabado de fazer. Sabrina estava saindo do carro quando o pai a abordou furioso, de acordo com os promotores do caso. Ela tinha uma filha de dois anos, era fluente em várias línguas e estudava para ser intérprete.
“Ele é um monstro”, disse Glecia Ribeiro, amiga de Sabrina, a respeito de Walter. “Chegou rindo na Corte. Ela era uma menina maravilhosa, cheia de vida e felicidade. Ele não tem defesa.”
Uma câmera de segurança capturou o assassinato e a discussão que aconteceu antes, disse o assistente da procuradoria, Robert DiGiantomaso, ao Boston Herald. O vídeo mostra Walter sacando uma pistola semiautomática e “em seguida atirando em Sabrina da Silva, atingindo o seu rosto e, quando ela se virou, também as costas foram atingidas com vários tiros,” disse.
Ao ser preso pelo U.S Marshals no mês passado em Bridgeport, Conn., “o acusado confessou ter matado a filha, dizendo ‘Fui eu. Eu atirei nela’, disse DiGiamantoso. Walter teria dito ainda que planejava matar também o homem com quem ela estava saindo, e ainda Liliana Silva, mãe de Sabrina. Mas quando chegou ao estacionamento ele decidiu matar somente Sabrina e, nas palavras dele, ‘vê-la no inferno’.
Walter também teria levado os agentes até um sótão onde eles encontraram a suposta arma do crime dentro de uma mochila, disse ainda o promotor ao Boston Globe.