DA REDAÇÃO – A foto de uma criança filha de refugiados morta no mar da Turquia rodou o mundo e levantou uma discussão sobre a realidade de milhares de refugiados que tentam atravessar as fronteiras europeias todos os anos. Incomodada com essa triste realidade, a brasileira Alessandra Luiza de Morais, mais conhecida como Lelé, resolveu conhecer de perto um abrigo de refugiados na Grécia para fazer o que mais gosta na vida: brincar com crianças.
Natural de Belo Horizonte-MG, Lelé se formou em Belas Artes, e, desde muito nova, descobriu sua vocação para trabalhar com crianças. Em 2002, decidida a aprender inglês, resolveu passar seis meses em New York. Logo que chegou, montou uma oficina de brinquedos em sua casa e criou a “Let’s Play Group”. Os seis meses se transformaram em 14 anos, Lelé se casou com um fotógrafo americano que hoje a acompanha, quando possível, em suas atividades.
“Sempre estudei muito e pesquisei sobre o mundo das brincadeiras infantis. Vi que eu poderia ir muito além de dar uma aula de artes para elas. Descobri que a linguagem da criança é universal, não importa se é brasileira, americana, síria”, disse ao AcheiUSA.
Em sua casa em NY, ela tinha um quintal onde oferecia vários tipos de brincadeiras para as crianças e esse mesmo tipo de trabalho ela tenta levar para o campo dos refugiados. “Eu as observo, vejo com o que elas gostam de brincar e o que as interessa. Uma cadeira vira um ônibus, objetos se transformam e, assim, deixam a imaginação voar”.
No último recesso americano de “Spring Break” ela se juntou à amiga brasileira Eliana Maeda que é enfermeira e as duas embarcaram juntas nessa aventura. Quando chegaram ao campo de refugiados “Eko”, elas descobriram que era um posto de gasolina. “Esse foi o primeiro choque”. Depois, ela foi se aproximando das crianças com os brinquedos que havia levado e eles, que antes estavam agitados e agressivos, começaram a brincar. “Foi muito emocionante, nunca vi um povo tão alegre como o povo sírio, a receptividade foi muito boa”, conta.
Play Group pelo mundo
Lelé afirma que numa noite na Grécia ela acordou no meio da noite, teve um “clique” e percebeu que o que ela precisava e queria fazer era levar o seu “Play Group” para o mundo. “Eu percebi que saí do Brasil para isso, para levar um pouco de alegria para crianças do mundo”, disse.
Hoje, Lelé está num campo de refugiados na Áustria e voltará para a Grécia no segundo semestre. No final de julho, ela vai passar seis semanas na Índia trabalhando com crianças de lá e em novembro segue para o Brasil para Bento Rodrigues (MG), onde ocorreu uma tragédia ambiental no final do ano passado. Ela vai trabalhar com os filhos dos desabrigados. Em seguida, segue para o Mato Grosso trabalhar com os índios guaranis. “O meu país não poderia ficar de fora dessa missão que estou cumprindo com todo amor”.
Vale destacar que a artista plástica faz todas as despesas pessoas com dinheiro do próprio bolso – passagens, hotel, alimentação – e que o dinheiro arrecadado em uma campanha na internet é integralmente usado para a compra de materiais para as brincadeiras com as crianças.
Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Lelé o site é o http://letsplaygroup.com e quem quiser contribuir com a causa o site é o www.gofundme.com/childhoodrescue.