Enquanto democratas e republicanos continuam a trocar acusações sobre a interrupção da reforma imigratória no Senado, um alto número de americanos apóia uma mudança nas leis, segundo pesquisa realizada pelo “Los Angeles Times”.
Durante um encontro com líderes empresariais, o presidente dos EUA, George W. Bush, acusou novamente ontem (13/04) o líder da minoria democrata no Senado, Harry Reid, de bloquear a reforma. “Estava esperançoso na semana passada quando o Senado logrou um compromisso bipartidário sobre uma ampla reforma imigratória. Foi um sinal alentador”, comentou Bush.
Mas “infelizmente”, o senador Reid bloqueou este acordo de consenso, queixou-se Bush, repetindo a acusação feita na Casa Branca desde o rompimento do acordo sexta-feira passada. Segundo o presidente, a negativa de Reid de permitir o debate e a votação de várias emendas republicanas a este acordo de consenso afeta os esforços para melhorar a segurança fronteiriça e tornar o sistema de imigração “mais humano e racional”.
Como nas ocasiões anteriores, Reid retrucou que Bush é quem tem pouca credibilidade no tema imigratório. Se Bush está comprometido com uma reforma imigratória integral, “deveria evitar as artimanhas praticadas por seu próprio partido duas vezes na semana passada”, afirmou Reid em um comunicado.
Apesar de ter sido anunciada com pompa e circunstância na quinta-feira da semana passada, a medida dos republicanos Chuck Hagel e Mel Martínez não pôde ser submetida à votação no dia seguinte, em razão dos desacordos entre democratas e republicanos sobre a quantidade e alcance das emendas que poderiam ser debatidas.
Os senadores tampouco puderam levar à votação uma medida aprovada pelo Comitê Judiciário do Senado e outra proposta do líder da maioria republicana, Bill Frist, que se concentrava na segurança fronteiriça e não incluía um programa de trabalhadores temporários.
O Senado preve retomar as sessões dia 24 de abril, depois de um recesso de duas semanas, mas não está claro quais medidas imigratórias serão discutidas.
Enquanto isto, o porta-voz presidencial, Scott McClellan, reiterou a necessidade de uma reforma que inclua “um programa de trabalhadores convidados humanitário”. O tema imigratorio “é difícil e complicado”, sustentou o porta-voz ao ressaltar que é preciso “continuar trabalhando neste assunto”.
Uma pesquisa publicada nesta quinta-feira pelo diário “Los Angeles Times” indicou que a maioria dos americanos apóia a criação de um programa de trabalhadores temporários e algum tipo de legalização dos cerca de doze milhões de imigrantes indocumentados que, acredita-se, estejam vivendos nos EUA.
A pesquisa, realizada com 1.357 adultos entre sábado e terça-feira desta semana, indicou que, por uma margen de dois a um, os americanos preferem um projeto de reforma que inclua um programa de trabalho e reforço na segurança da fronteira. Oitenta e quatro por cento dos pesquisados opinaram que a imigração ilegal “é um problema” nos EUA, enquanto 31 por cento crêem que esta situação é um dos “maiores problemas” do país.
Dois terços apoiaram a idéia de outorgar permissões de trabalho aos estrangeiros indocumentados que moram há muitos anos nos EUA, e que posteriormente estes possam solicitar a residência permanente e futura cidadania.
A legalização dos imigrantes indocumentados tem apoio de 71 por cento dos votantes independentes, de 67 por cento dos votantes republicanos e de 59 por cento dos democratas, de acordo com a pesquisa.