DA REDAÇÃO – O empresário Saul Berenthal esperou décadas por uma chance para fazer negócios em Cuba. Mas apesar dos avanços surpreendentes nas relações entre Estados Unidos e Cuba no governo do presidente norte-americano, Barack Obama, ele terá que aguardar um pouco mais.
Berenthal e seu parceiro comercial Horace Clemmons, do Estado do Alabama, estão perto de se tornarem os primeiros empresários dos EUA a abrir uma empresa em Cuba graças a seu plano de construir tratores de baixo custo para fazendas cubanas, em sua maioria de propriedade de cooperativas privadas. Seu projeto tem o aval dos EUA, e o governo da ilha comunista deu sinais positivos a respeito da fábrica pretendida, mas ainda não concedeu sua permissão.
“É um pouco um teste de lealdade. Será que estamos dispostos a enfrentar os obstáculos para conseguir o que acreditamos ser uma boa coisa para os cubanos e para nós mesmos?”, disse Berenthal, que nasceu em Cuba em 1944 e foi para os EUA como estudante em 1960, um ano após a revolução de Fidel Castro.
Após mais de meio século de antagonismo entre os dois vizinhos, Obama redefiniu as relações com Cuba nos últimos 15 meses, e Cuba está mudando – mas seus líderes receiam ir rápido demais. “O que é percebido do lado de fora como um progresso lento é, na verdade, a maneira de os cubanos se assegurarem da confiança que precisa ser construída”, opinou o empresário.
Havana em mutação
Obama foi a Havana no domingo (20) para uma visita histórica que visa selar a reaproximação que ele e o presidente cubano, Raúl Castro, acordaram em dezembro de 2014 depois de 18 meses de negociações secretas.
Desde então, Havana mudou de forma notável. O número de visitantes norte-americanos aumentou 77 por cento em 2015, enchendo hotéis e restaurantes que desde então têm ficado lotados.
Nesta semana, Obama promulgou regras abrangentes para incentivar ainda mais as viagens e os negócios com o país caribenho. Foi a quinta vez que ele recorreu a seus poderes executivos para fortalecer os laços com Cuba, passando ao largo do Congresso de maioria republicana, que continua se recusando a cancelar o embargo econômico de 54 anos contra a ilha.