O corpo do general Urano Teixeira da Matta Bacellar, morto há dois dias em um hotel da capital do Haiti, Porto Príncipe, só deve ser enviado ao Brasil após a conclusão da perícia sobre a causa da morte do brasileiro, realizada por uma missão brasileira. Cerca de 300 pessoas participaram hoje da cerimônia de honras fúnebres ao militar.
A cerimônia, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), terminou por volta das 7h40 (10h40 de Brasília). Bacellar era comandante da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti, a Minustah, e assumiu o posto em agosto passado, substituindo o general Augusto Heleno Ribeiro.
Neste sábado, o corpo do general brasileiro foi encontrado, com um tiro. Segundo a agência de notícias Efe, ele fora atingido por um tiro na cabeça. Agências de notícias internacionais dizem que ele cometeu suicídio. Um militar da Minustah, que pediu anonimato, disse à agência de notícias France Presse que “o general disparou uma bala na boca”. O porta-voz da Minustah, Damian Onses-Cardona, rejeitou dar explicações sobre as circunstâncias da morte do oficial.
O governo brasileiro não confirma nenhuma dessas informações. A possibilidade de suicídio é tratada com extrema cautela porque, conforme o jargão militar, o general não apresentava nenhum “sintoma” e ontem teria jantado normalmente com a tropa em Porto Príncipe.
Segundo declaração do tenente coronel Fernando da Cunha Matos à agência Brasil, o general morreu em um “acidente com arma de fogo”. De acordo com Mattos, o embarque do corpo do general, que estava previsto para ocorrer depois da homenagem, ainda não tem data prevista.
O traslado depende da conclusão da perícia, realizada por um delegado brasileiro, dois peritos da Polícia Federal e um médico do Instituto Médico Legal (IML) do Distrito Federal.
Também seguiram na missão um general e um coronel do Exército Brasileiro, um representante da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e um promotor do Ministério Público Militar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em comunicado divulgado na noite de sábado que o governo brasileiro vai continuar “apoiando o povo haitiano na construção da paz e na normalização política do país”.
Lula também pediu uma investigação “imediata e ampla” sobre a circunstâncias da morte do militar. Ele também orientou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a expor ao secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, as expectativas do governo brasileiro em relação a esta investigação.
A nota do Itamaraty divulgada no sábado diz também que Bacellar era conhecido por seu “preparo e competência”, e “vinha conduzindo com excelência e grande responsabilidade a difícil tarefa de comandar” a missão brasileira no Haiti.