Exposição sobre obra do arquiteto brasileiro é sucesso em Washington
Até o dia 26 de outubro, os americanos poderão conhecer um pouco mais do talento de Oscar Niemeyer. Isso porque a capital Washington é a primeira parada de uma exposição que vai percorrer ainda outros sete países com peças do acervo do arquiteto, entre elas maquetes, esboços e fotos que representam fases distintas da obra do brasileiro. A mostra está no Museu de Arte das Américas.
Niemeyer, que completará 101 anos em dezembro, é considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado, bem como no design de móveis. Já recebeu títulos importantes, como o de Comendador da Ordem Nacional da Legião de Honra, a mais alta condecoração do governo francês pelo conjunto de sua obra, a condecoração da Ordem da Amizade, dada pelo então presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Prêmio Unesco.
O curador da exposição, Marcus Lontra, diz que a intenção ao reunir diversas etapas do processos de criação do artista é mostrar as criações mais novas: ‘’É claro que todos querem ver Pampulha (Belo Horizonte) e Brasília, mas também há coisas recentes muito interessantes’’, conta. Ele se refere, especificamente, ao projeto das torres de TV digital da capital brasileira, criado em 2007. “Se com 99 anos ele foi capaz de fazer algo assim, é um sinal de que existe uma loucura intrínseca à obra dele’’, concluiu Lontra, que compara a “loucura” de Niemeyer às inquietações de um Picasso, Monet ou Matisse, todos gênios artísticos que seguiram criando compulsivamente mesmo após terem atingido idades avançadas. Da mostra fazem parte o Painel de Azulejos de Athos Bulcão (década de 50), o Monumento a Bolívar, a ser erguido em Caracas, e o Centro Cultural Principado de Astúrias, em Avilés, na Espanha, esboçado no ano passado.
A exposição deve acabar com um suposto distanciamento entre o arquiteto brasileiros e o público americano – e isso se deve à ideologia comunista. Em 1970, ele ganhou um visto de apenas cinco dias para ir aos Estados Unidos e brincou dizendo: “Fico muito feliz que eu continue o mesmo e que os Estados Unidos também continuem os mesmos’’. Aqui na América, Niemeyer tem algumas obras, como a Casa Strick, residência em Santa Mônica (Califórnia), projetada em 1964 e que hoje é um ponto de referência para a região.
Depois dos EUA, a mostra vai para Caracas, na Venezuela, onde será inaugurada no dia 1º de dezembro, num evento do qual participará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, apesar de toda a vivacidade e lucidez depois de um século de vida, o arquiteto não marcará presença em qualquer uma delas: ele tem medo de avião e prefere ficar em sua casa, em Copacabana, no Rio de Janeiro.