Debaixo da ponte que liga Newark e Harrison, brasileiros se misturam a pessoas de outras etnias e recebem ajuda de ativista
A ativista Edmara dos Santos (à direita) leva comida, roupas e remédios para os moradores dos dois cortiços
DA REDAÇÃO (com Brazilian Voice) – Os Estados Unidos são a maior economia do planeta. No entanto, debaixo de pontes e viadutos vive uma pequena parcela da sociedade cujo cotidiano não é nada diferente de qualquer comunidade carente na América Latina, Ásia ou África. Diariamente, inúmeros veículos circulam sobre a ponte metálica que liga as cidades de Harrison e Newark e o viaduto da Rota 1&9 que liga Newark à vizinha Jersey City, mas poucos motoristas sabem que sob essas estruturas existem verdadeiras “comunidades” (favelas). Nesses locais, vivem negros, brancos, hispânicos, cabo-verdianos, portugueses e brasileiros. O jornal Brazilian Voice ouviu esses moradores.
Segundo a ativista Edmara A. dos Santos, natural de Belo Horizonte (MG), moradora há 19 anos nos EUA, atualmente vivem 26 indivíduos debaixo da ponte que liga Newark a Harrison, sendo 11 deles brasileiros. Ela descobriu essa triste realidade no feriado de Ação de Graças do ano passado quando, em companhia do marido, Sandro Oliveira, e da filha adolescente, Eduarda, foi ao local para distribuir comida e agasalhos aos carentes. A entrada ao local é feita através de uma escada de concreto lateral na cabeceira da ponte, onde na base já é possível ver roupas espalhadas, paredes pichadas e pedaços de mobília, a poucos metros de distância das margens do rio Passaic.
“Quero que todos ajudem para tirá-los de lá e que outras pessoas não entrem”, disse Edmara, que atua em projetos sociais desde o Brasil.
Durante entrevista à equipe de reportagem do Brazilian Voice, na segunda-feira (29), ela citou o caso de Silvana, uma valadarense que morava na região metropolitana de Boston (MA), cujo marido foi deportado e o filho é dependente químico, fazendo com que ambos deixassem Massachusetts e mudassem para New Jersey, onde moram sob a ponte desde então. Vivendo em um dos barracos montados debaixo da estrutura de aço, o jovem pinta telas e trabalha esporadicamente na construção civil. A sensibilidade e beleza das pinturas do rapaz impressionam quem visita o local e Silvana, que aparentemente é alcóolatra, também tem dois filhos no Brasil, e sonha um dia rever a família. Esse sentimento é compartilhado por todos no local, que geralmente se emocionam quando lembram dos entes queridos.
Alguns dos moradores relataram à Edmara a ocorrência de casos de morte por hipotermia durante as noites mais frias do ano. Eles detalharam a ela que muitas vezes a pessoa chega embriagada, cai inconsciente do lado de fora da barraca e literalmente morre de frio, sendo descoberta somente pela manhã. Durante a madrugada, a proximidade da comunidade com as margens do Passaic baixa ainda mais a sensação térmica, que pode chegar a muitos graus abaixo de zero.
Fresh Start & New Life
No final de fevereiro Edmara recebeu o certificado nº 0450055321 emitido pelo Governo de New Jersey pela criação da ONG “Fresh Start & New Life”, sem fins lucrativos, cujo objetivo é atender as comunidades carentes. Pelo menos duas vezes por semana ela visita a comunidade sob a ponte de Harrison, quando não está trabalhando como cabeleireira.
“Eu tenho que ir porque o meu objetivo é que alguém saia de lá”, disse à reportagem do BV.
A entidade fundada pela ativista está aceitando doações e precisa de um espaço físico para armazenamento de materiais doados. Os interessados podem obter mais informações através do e-mail: fsnl2016@hotmail.com ou tel.: (201) 772-7747.
`Com informações do Brazilian Voice – www.brazilianvoice.com`