Venezuelano diz não estar “desesperado para integrar” o mercado comum
Estado de S.Paulo
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse neste sábado, 30, em Teerã, no Irã, que pode retirar o pedido do seu país para entrar no Mercosul, cuja tramitação está congelada no Congresso brasileiro. “Se não pudermos entrar no Mercosul, porque a direita brasileira tem mais força do que a idéia de integração, nós nos retiramos do Mercosul”, afirmou Chávez, segundo a Agência Bolivariana de Notícias (ABN, oficial).
A afirmação é feita em meio a uma polêmica entre Chávez e o Senado brasileiro, instituição que o líder venezuelano chamou de “papagaio” dos Estados Unidos depois que os parlamentares condenaram a sua decisão de não renovar a licença da rede de televisão RCTV.
Chávez faltou à reunião de cúpula do Mercosul em Assunção, no Paraguai, para viajar para Rússia, Belarus e, agora, Irã – país que visita pela quinta vez e onde deverá permanecer por três dias.
“Se eles não querem que nós entremos no Mercosul nós não temos nenhum problema. Inclusive, sou capaz de retirar a solicitação. Não estamos desesperados para entrar no Mercosul, porque nossa prioridade é construir nosso modelo de desenvolvimento”, disse.
´Palavra simpática´
Na quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse em Assunção que esperava uma “palavra simpática” de Chávez ao Congresso brasileiro. “`Espero` uma palavra simpática do presidente Chávez em relação ao Congresso brasileiro, que afinal de contas foi eleito legitimamente. Eu acho que isso ajudaria. A boa vontade sempre é positiva, de lado a lado”, disse Amorim à imprensa.
Em Teerã, Chávez disse que a Venezuela só tem interesse em participar de um “novo Mercosul”, não num Mercosul marcado pelo “capitalismo e a concorrência feroz”. “Nós sim estamos interessados em ingressar num novo Mercosul, mas se não há vontade de mudança, retiramos a solicitação de ingresso e nos dedicamos plenamente à Alternativa Bolivariana para os Povos da nossa América (Alba), porque se não seria perder tempo com reuniões e cúpulas e no final não chegam a nada”.
Atualmente, a Venezuela participa do Mercosul como membro observador, mas o seu ingresso pleno no bloco ainda depende da aprovação do Senado do Brasil e do Paraguai.
Em Assunção, o representante de Chávez na cúpula do Mercosul, o vice-ministro venezuelano das Relações Exteriores para América Latina e Caribe, Rodolfo Sanz, culpou o que chamou de “setores de direita” do Senado brasileiro pelo que classifica de tentativa de interferência da instituição em assuntos internos da Venezuela.