Um novo relatório da American Association for Cancer Research (AACR) publicado na semana passada questiona a crença de que o consumo moderado de álcool traz benefícios à saúde. A pesquisa aponta que adultos com menos de 50 anos estão enfrentando um aumento alarmante nos casos de câncer de mama e câncer colorretal. E alerta que o uso de álcool pode ser um fator contribuinte.
Embora as taxas de mortalidade por câncer estejam diminuindo, a incidência de vários tipos de câncer tem crescido, especialmente entre os jovens. O relatório destaca que 40% dos casos de câncer estão associados a fatores de risco ajustáveis, ou seja, recomendando a redução do consumo de álcool, além de mudanças de estilo de vida, como evitar o fumo, manter uma dieta saudável e praticar exercícios.
O documento também propõe campanhas de conscientização e a inclusão de rótulos de alerta específicos sobre câncer em bebidas alcoólicas. “O mito de que o vinho tinto traz benefícios cardiovasculares não se sustenta, especialmente quando os riscos de câncer são tão elevados,” afirma a epidemiologista Jane Figueiredo, membro da comissão que elaborou o relatório.
O estudo revela que em 2019, cerca de 5,4% dos diagnósticos de câncer nos Estados Unidos foram atribuídos ao consumo de álcool. Apesar disso, a conscientização pública sobre esse risco é baixa; um estudo revelou que menos de um terço das mulheres jovens está ciente de que o álcool aumenta o risco de câncer de mama.
Os dados indicam que, entre adultos na faixa dos 30 anos, as taxas de câncer aumentaram significativamente entre 2010 e 2019, com um crescimento alarmante nos casos de câncer de mama e colorretal em pessoas abaixo de 50 anos. O câncer colorretal precoce, por exemplo, aumentou em 1,9% ao ano nesse período.
Embora novos tratamentos tenham melhorado a sobrevida de pacientes com câncer, a incidência de certos tipos de câncer continua a subir, especialmente entre jovens. O relatório conclui que é essencial reavaliar a ideia de que o consumo moderado de álcool é benéfico, especialmente à luz de estudos recentes que mostram que até mesmo bebês expostos ao álcool durante a gravidez correm maior risco de leucemia infantil.