Brasil

Migração e Covid reduzem população de Governador Valadares, que não terá segundo turno

Cidade do Leste de Minas Gerais tem 198.486 eleitores aptos a votar e é necessário ter 200 mil

Pico do Ibituruna, Governador Valadares (Foto: Wkipedia)

A cidade de Governador Valadares, na região Leste de Minas Gerais, não terá segundo turno nas eleições de 2024, pois tem 198.486 eleitores, 1.514 a menos do exigido pela Justiça Eleitoral. A cidade precisa ter pelo menos 200 mil eleitores para que exista a possibilidade do segundo turno. A queda pode ter relação com o movimento migratório no município e, também, com o número de mortos para a Covid-19, que foi de 1.500. A tradição de “exportar” pessoas, iniciada há quase 60 anos, não perdeu força suficiente com a pandemia, o que fez a emigração colaborar para a redução populacional.

A cidade perdeu 15.400 eleitores, desde a última eleição municipal, em 2020. Quase 10% do total das pessoas aptas a votar naquele ano, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O IBGE afirmou para o UOL que a queda do número de habitantes e, consequentemente, de pessoas aptas a votar, possivelmente tem relação com a mudança delas para outros países, como os Estados Unidos e Portugal, considerando o histórico do município, mas que ainda aguarda os dados finais do último censo no que diz respeito à migração para computar esses números.

Não há estatísticas oficiais sobre a quantidade de pessoas que deixam a cidade de Governador Valadares anualmente para viver em outro país. Um estudo da UFF (Universidade Federal Fluminense) divulgado em 2023, focado em empreendedorismo, revelou, que mais de 30% de brasileiros morando nos Estados Unidos, destino principal dos valadarenses, se mudaram para lá havia, no máximo, cinco anos. Foi no final desse período que o município com maior tradição de “exportador de brasileiros” perdeu população e, por consequência, eleitores.

Migração para os EUA

Para entender um pouco mais sobre esse processo migratório, em especial na região leste de Minas Gerais, região conhecida pelo grande número de migrantes que deixaram suas casas nos anos 80 e 90 rumo aos EUA, o AcheiUSA conversou com a especialista e professora Sueli Siqueira, da Univale. Ela estuda e acompanha há mais de 30 anos os fenômenos da migração brasileira. “Nos anos 80, quando houve uma ‘revoada’ de imigrantes de Governador Valadares para os EUA, as pessoas iam porque ganhavam um salário mínimo por mês aqui no Brasil e, na época, ganhavam um salário mínimo por dia trabalhando nos Estados Unidos. Isso pode até existir hoje, mas é mais raro. Até porque hoje elas ganham mais que um salário mínimo e a economia americana mudou, você já não faz tanto dinheiro como fazia antigamente. Isso quer dizer que quem quer se mudar, já teve algum tipo de contato com o país. Você já não vê mais as pessoas saindo para enfrentar outro país sem qualquer referência para tentar o “sonho americano”, afirma a professora. (Com informações do UOL)

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