Um júri em Michigan emitiu um veredito histórico, na terça-feira (6), condenando Jennifer Crumbley, de 45 anos, por homicídio culposo. A decisão veio após os promotores argumentarem que ela era responsável pelo tiroteio fatal de quatro colegas na Oxford High School, nas proximidades de Detroit. Segundo a investigação, Crumbley e seu marido deram uma arma de fogo ao filho adolescente e ignoraram os sinais de alerta de violência que antecederam ao crime.
Este julgamento marca um precedente nos Estados Unidos, sendo o primeiro em que um pai ou mãe enfrenta acusações formais de homicídio culposo decorrente de um ataque em uma escola cometido por seu filho. Jennifer Crumbley enfrentou quatro acusações de homicídio culposo, uma para cada uma das vítimas no ataque de 2021. O marido de Crumbley, James Crumbley, de 47 anos, enfrentará seu próprio julgamento por acusações de homicídio culposo em março.
O filho do casal, Ethan, tinha 15 anos na época do ataque na Oxford High School, onde usou uma pistola semiautomática. Ethan se declarou culpado em 2022 de quatro acusações de assassinato em primeiro grau, entre outras acusações. Em dezembro, ele foi condenado à prisão perpétua sem liberdade condicional.
Durante o julgamento, os promotores do Condado de Oakland argumentaram que Jennifer Crumbley, embora não tenha apertado o gatilho, negligenciou a guarda da arma e da munição, e deve ser responsabilizada criminalmente pelas mortes. Eles afirmaram que Crumbley e seu marido estavam cientes de que Ethan representava um perigo para os outros, mas permitiram que ele tivesse acesso a armas de fogo, incluindo a pistola de 9 mm usada no ataque.
A defesa de Jennifer Crumbley, liderada pela advogada Shannon Smith, argumentou que ela não era responsável pela compra ou guarda da arma usada pelo filho no ataque. Smith afirmou que não havia sinais reais de alerta de que Ethan cometeria homicídio e que era impossível prever razoavelmente o crime. Jennifer Crumbley testemunhou em sua própria defesa, alegando que seu marido era responsável por guardar as armas de fogo de forma segura em casa. Ela também afirmou que não achava que os problemas de seu filho justificassem uma consulta com um psiquiatra.
Os promotores afirmam que James Crumbley comprou a arma usada no crime apenas quatro dias antes do ataque de 30 de novembro de 2021. Na manhã do ataque, desenhos feitos por Ethan Crumbley foram descobertos por um professor, representando uma arma de fogo, uma bala e uma figura sangrando ao lado de palavras alarmantes.
Os Crumbley foram chamados à escola naquela manhã e informados de que Ethan precisava de aconselhamento, mas optaram por não revistar sua mochila nem abordar a questão da arma, segundo os promotores. Jennifer Crumbley contestou essa versão, afirmando que ela, seu marido e os professores concordaram que Ethan poderia permanecer na escola naquele dia e que ela não considerava que ele fosse um perigo para os colegas. Ethan Crumbley, então, retornou à sala de aula e mais tarde saiu de um banheiro com a arma, iniciando o tiroteio, conforme relatado pelos promotores.
Especialistas em segurança de armas esperam que os julgamentos dos Crumbley sirvam como um alerta para que os pais protejam melhor as armas em casa. De acordo com pesquisas governamentais, cerca de 75% dos atiradores de escolas obtiveram as armas usadas nos ataques em suas próprias residências.
*com informações da CBS News